Enclausuramento social e falta de convivência com a natureza começa a tornar os pequenos mais irritadiços e pode causar ansiedade neles

Paula Cabrera

Ser mãe é sem dúvida padecer no paraíso. Além da rotina complicada do home office, que exige um equilibrar de pratinhos quase impossível (que atire a primeira pedra quem não teve um surto leve nos últimos seis meses por ter crianças berrando ao fundo daquele call mega importante ou um bebê no colo na reunião pelo zoom), estamos agora em um momento complicado pros pequenos e devemos redobrar a atenção nisso.
O sinal de alerta nem sempre é claro, mas costuma ficar cada vez mais estridente até que entendamos: as crianças não aguentam mais a prisão domiciliar. Eles estão tão ou mais exaustos que a gente. Aqui, o sono mudou. A neném que sempre dormia as 23h, passou a não dar sinais de cansaço antes da 1h da matina. Depois, o apetite decaiu. Nada de legumes, frutas, vegetais. Nem arroz descia mais depois de um tempo. Deus bendiga o aleitamento materno prolongado. Havia dias que era só o tetezão quem salvava.
Por fim começou a irritação. Qualquer coisa era motivo para um "ai, que chato!", seguido de muitas lágrimas e uma criança apática, ligada na Masha e o urso por mais de duas horas seguidas. ASSUSTADOR.
Dai eu me dei conta. Não dá mais. Ela precisa ver o mundo!
Começamos com os cines drive, as peças drive e foi a paz na minha vida. Ela ria, dançava, batia palmas. Era feliz de novo.
Mas o sono seguia irregular e a alimentação também. Foi quando vi minha cunhada em um parque com meu sobrinho. A felicidade no rostinho dele! Me arrisquei. Foi assustador. Queria ter saído correndo quando cheguei no local e contei mais de 160 pessoas - sim, eu contei, sou dessas.
Chamei a cunhada no zap e falei do trauma. Fiquei porque a neném ficou extasiada de pisar na grama. Mamãe que lute pra ninguém chegar perto!
Ela foi solícita e direta: vá cedo. Eu fui. Faz quatro dias que vou, religiosamente, as 10h. Isa já chama o lugar de "meu parque". Voltou a comer bonitinho. Canta, dança e dorme, também religiosamente, às 23h.
A mesma cunhada marcou esse post. Eu quase chorei quando li. É isso. O pediatra confirma que o enclausuramento precisa acabar. As crianças estão adoencendo. Eles são movidos à natureza. Precisam colocar o pé no chão. Subir em árvores, correr na grama. Pular poças de lama.
Claro que seguimos aqui em isolamento, mas pense nessas saídas como emergenciais como fazemos pra ir ao mercado, à farmácia.
E siga o conselho da minha cunhada: VÁ CEDO! Os parques começam a encher depois do meio-dia.
Aqui, estamos apaixonadas pelo Parque Oriental, em Ribeirão Pires. Tem um lago de carpas, muito espaço na grama pra estender uma toalha e fazer piquenique olhando a represa e os passarinhos que sobem e descem por lá. Neste sábado tinha esquilos e pica-pau.

Isabela fazendo piquenique no Parque Oriental


Outro parque na cidade que também foi recomendado, foi o Pérola da Serra. Também tem muita sombra, jaboticabeira e gramado pra sentar e deixar as crianças correrem.

Em Santo André uma amiga recomendou o Parque Celso Daniel. Lá também tem lago e uma área mais tranquila na parte baixa, longe do pessoal que vai correr e suar nas trilhas de atletismo.
Outro lugar que me disseram pra visitar foi o Parque Chico Mendes, em São Caetano, muito limpo e organizado pra manter o distanciamento social dentro do indicado.
Em SP, duas super mães me indicaram o Parque da Independência. Ele estava abrindo só durante a semana, mas estava tranquilo para permitir que os pequenos corressem e gastassem a energia.
Ressalto aqui o que o médico Flávio Melo, defende. Com que frequência ir: sempre que possível e se necessário, ao notar sinais de estresse. Ah, mas e se meu filho tocar, abraçar uma criança desconhecida, o que fazer: primeiro você agradece pela sanidade e senso de humanidade mantido nele. Depois, você começa a torcer pra não surtar.
Sejamos mães possíveis, meninas. Não há fórmula ou maternidade ideal, mas os pequenos não entendem o que está acontecendo e sentem falta do mundo, de outras crianças, da vida lá fora.
Encontrem alternativas que as mantenham seguras e não reféns do medo. As vezes o maior risco de adoecer está exatamente no medo de fazê-lo. Nem lembro mais daquela mãe louca que foi no parque e contou as pessoas. Hoje, se tem muita gente, é máscara no rostinho dela e colo até chegar a um lugar mais tranquilo. O risco de transmissão na grama é zero, segundo especialistas. Que possamos, nós também, aproveitar o passeio.

O parque oriental nesse sábado, na hora do almoço

E você? Recomenda algum parque? Me conta pra gente se ajudar!