A emissão de uma guia, sem consulta médica agendada, acabou virando caso de polícia em Ribeirão, médico pode responder por infração ética

Da Redação

A emissão de uma guia virou caso de polícia em Ribeirão Pires. O secretário de Saúde de Ribeirão, Audrei da Rocha Silva, abriu um boletim de ocorrência após um médico da UBS Santa Luzia ter supostamente favorecido a esposa do presidente do Conselho de Saúde da cidade na emissão de guias para exames. Segundo o secretário, o médico emitiu uma guia sem a presença da paciente e sem consulta médica marcada, o que acarreta infração ética, além de possível favorecimento, já que a paciente em questão teria furado fila por ser esposa de um membro do Conselho de Saúde Municipal. "Como secretário, é minha responsabilidade abrir uma sindicância para apurar se o médico em questão não fez isso também em outras oportunidades, mas não foi flagrado. Como profissional, ele sabe que não pode dar qualquer tipo de receita ou encaminhamento sem avaliação do paciente. O fato deve ser investigado também pela polícia", explica Audrei.
A situação aconteceu ontem quinta-feira (15/12) e foi detectada pela diretora da UBS, Rosana Mattiazzo Cruciani. Segundo o boletim de ocorrência, Audrei recebeu "uma guia em seu gabinete que estava preenchida de forma incompleta" e chamou a Dra Rosana para apurar a situação. Ao perceber que o caso aconteceu na UBS Santa Luzia, se dirigiu ao local. Na UBS, a enfermeira Daiane, dirigente do posto, explicou que a paciente não tinha consulta médica marcada para a data, mas que o prontuário dela estava na sala do Dr. Cleber Souza. "O mesmo foi questionado se este teria atendido a paciente Débora e ele disse que não, questionado sobre a troca de guia medica de hospital particular para uma do posto de saúde sem a presença da paciente. Este lhe respondeu que trocou as guias a pedido do senhor Marcos Antônio Alves este é Presidente do conselho Municipal de Saúde", afirma o documento.

O boletim diz ainda que Cleber "fez isto a pedido de Marcos Antônio Alves presidente do conselho Municipal de Saúde e este tinha dito que ele o declarante e a Doutora Rosana que tinha autorizado". A diretora da UBS, no entanto, negou o fato.
O delegado responsável pela abertura da investigação documentou ainda que a situação caracteriza a denominada advocacia administrativa, que é fazer "camaradagem" do uso do funcionário público e de seu cargo para favorecer terceiros. "O caso concreto, para perfeita compreensão do juízo de tipicidade, necessita de aprofundamento investigativo" aponta o delegado.
O secretário de Saúde de Ribeirão afirmou ao JNC que o caso segue em investigação e que a saúde repudia o favorecimento de terceiros em seus equipamentos. "Além de ser uma infração ética, esse suposto favorecimento da paciente, que seria esposa do presidente do Conselho, não pode acontecer. Todos devem ser respeitados e atendidos conforme agendamentos na saúde", diz Audrei.