Servidores participaram de live e se emocionaram ao falar de amigos afastados com covid-19

Paula Cabrera

A Prefeitura de Mauá teria demitido quatro profissionais do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) na noite desta quarta-feira (8/7), após os profissionais participarem de uma live, promovida por um deles, em que debatiam a prestação do serviço durante a pandemia na cidade. A administração do prefeito Atila Jacomussi (PSB) não teria gostado do tom de críticas feitas pelos profissionais durante a conversa. Em um certo momento, um enfermeiro e um médico se emocionam ao falar de um amigo que estaria internado por não ter sido afastado das funções, apesar de ser parte do grupo de risco. O servidor sobre o qual os profissionais conversam é o enfermeiro Ronaldo dos Anjos, que faleceu dois dias depois do vídeo, gravado em 1º de julho.

Cleiton Teixeira (enfermeiro do SAMU), Victor Badini Vieira (médico intensivista), Diego Coca (médico intensivista) e Ronaldo José de Oliveira (auxiliar de enfermagem e motoambulância) afirmam ter sido pegos de surpresa com a decisão. A maioria prestava serviço em Mauá há mais de cinco anos. "Durante a live respondemos diversas perguntas sobre o serviço da SAMU e, aparentemente, alguns membros do governo não gostaram", explica Cleiton. Ele é filiado a um partido político e se apresenta como pré-candidato à vereador. A live teve cerca de 1.700 visualizações durante os últimos oito dias.
Chama a atenção o fato de o prefeito afirmar, constantemente, ser alvo de perseguição política e censura. No entanto, a administração parece não pregar a mesma preocupação na função de proteção aos direitos de seus servidores. "Fomos todos dispensados, sem explicação, no meio da pandemia. Nunca imaginei uma situação dessa, afastar profissionais treinados e experientes por questões políticas", disse Cleiton.
O Sindserv (Sindicato dos Servidores de Mauá) diz que ainda apura os fatos.
Uma manifestação foi marcada para o próximo dia 26, a partir das 8h, na Prefeitura de Mauá "contra a opressão, represália e retaliação da gestão Atila". A ideia é apoiar os profissionais e solicitar a imediata recontratação dos profissionais.
Procurada a Prefeitura não se manifestou sobre o caso.