Prefeito de Ribeirão diz que é preciso deixar política e medo de perder prestígio de lado para salvar vidas
Paula Cabrera
O prefeito de Ribeirão Pires, Clovis Volpi (PL) voltou a pedir apoio do governo do Estado neste sábado (20/3) para confirmar um lockdown na região do ABC. O chefe do Executivo afirma que a situação de calamidade pública já está muito além do previsto e afirma que caso o governador João Doria (PSDB) não suspenda o transporte público, conforme solicitado pelos prefeitos da região, "morrerão pessoas nas calçadas" ainda na primeira quinzena de abril.
"Se não tivermos o apoio do governador, não teremos condição de fazer o lockdown como gostaríamos de fazer. Vamos colocar a mão na consciência. Não se trata de política. De eleição, de perder prestígio público. Isso não importa agora. Faço esse apelo ao governador. Repense", diz Volpi na gravação.
O prefeito afirma que a cidade tem se esforçado para aumentar a demanda de leitos, no entanto, fornecedores já sinalizam que não conseguem ampliar fornecimento de itens como oxigênio e insumos e medicações necessários para os processos de intubação. "Consultamos a White Martins e ela disse que não teria oxigênio para nos atender se aumentássemos a capacidade do nosso hospital. A notícia agora é que em 15 dias podem faltar medicamentos para a intubação", explicou Volpi.
O chefe do Executivo afirmou ainda que o Hospital de Campanha já opera além da sua capacidade, com quatro macas, usadas normalmente como retaguarda, ocupadas com pacientes. "Estamos além do limite da nossa capacidade máxima de atendimento. Já há pacientes em ambulâncias para serem atendidos no local. Esses pacientes provavelmente entrarão em óbito", afirmou.
Nesta semana, a cidade deverá abrir cinco novos leitos no Hospital de campanha e afirma que a doação de três respiradores pela empresa CBC (Companhia de Balas e Cartuchos) foi fundamental para garantir auxílio aos pacientes da cidade. "Todos já estão sendo usados. Receberemos mais sete nessa semana", explicou.
Por fim, Volpi frisou que Ribeirão começará a aumentar o número de covas abertas para dar conta do aumento no número de óbitos no município. "Nós estamos numa verdadeira guerra, cujo o inimigo é invisível", disse o prefeito que reforçou que a cidade precisa chegar a um isolamento de 70% para conter a disseminação do vírus. Atualmente, apenas 44% dos moradores tem respeitado a quarentena. "Se não tomarmos uma decisão, vocês não tem ideia do que presenciaremos em 12, 13, 14, 15 de abril. Será bem pior", concluiu.