Em razão do Dia Mundial do Combate ao Câncer de Próstata, celebrado no dia 17 de novembro, foi criada a campanha Novembro Azul, um movimento de ações organizadas durante todo mês de novembro para informar a população sobre a doença. Iniciada na Austrália, em 2003, a campanha acontece também no Brasil e em mais de vinte países, com o objetivo de conscientizar os homens sobre o câncer de próstata, os benefícios do diagnóstico precoce, a necessidade de a população masculina adotar um estilo de vida mais saudável e a importância das consultas e dos exames periódicos de check-up, já que, culturalmente, ainda há muita resistência e negligência dos homens em relação à sua saúde. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), para o ano de 2019, estimam-se 68.220 novos casos de câncer de próstata, o que corresponde a 66,12 novos casos a cada 100 mil homens. As maiores vítimas são homens a partir dos 50 anos e pessoas com histórico da doença em parentes de primeiro grau, como pai, irmão ou filho.

A próstata é uma glândula masculina localizada abaixo da bexiga. Possui tamanho semelhante ao de uma noz e envolve a uretra, que é o canal da urina. “Entre suas funções, estão o auxílio na continência urinária, no processo de ejaculação, na fertilidade, na transformação do hormônio testosterona em di-hidrotestosterona e na produção de um dos componentes do sêmen, composto por espermatozoides, produzidos nos testículos, por secreção seminal, produzida nas vesículas seminais, e por secreção prostática, produzida nas glândulas prostáticas. As células que compõem as glândulas prostáticas podem ser acometidas pelo câncer, que acarreta um crescimento anormal e sem controle dessas células, invadindo os tecidos vizinhos. Como o tumor é considerado uma lesão maligna, ele pode gerar metástase, ou seja, implantar um tumor também em outras regiões do corpo ou em outros órgãos”, explica Dr. Alexandre Gomes Agostinho, urologista e prestador de serviços no Hospital América de Mauá.

A maioria dos casos de câncer de próstata não apresenta sintomas, por isso o diagnóstico precoce e as consultas anuais para realizar check-up urológico são de extrema importância. Dos homens que procuram auxílio médico somente ao apresentar sintomas, aproximadamente 50% deles podem ter a doença em estágio avançado. “Os sintomas da doença incluem dificuldade para urinar, já que o câncer começa a obstruir a uretra, sensação de queimação da uretra, dor com mais ou menos intensidade na região entre o ânus e o escroto, infecção urinária, jato urinário com interrupções, dor ao urinar, diminuição da força do jato urinário, dores na coluna, no fêmur e na bacia, aumento no número de micções noturnas, retenção de urina, sangramento ao urinar, insuficiência renal, perda de peso e infecções generalizadas”, esclarece o urologista.

A idade e o fator hereditário também contribuem para o desenvolvimento desse tipo de câncer. “O câncer de próstata é raro em homens abaixo de 40 anos, mas a chance de ter a doença aumenta rapidamente após os 50 anos. Aproximadamente 60% dos cânceres de próstata são diagnosticados em homens com mais de 65 anos. Em relação a familiares, em homens com parentes de primeiro grau com câncer de próstata, o risco de desenvolver a doença duplica. Outros fatores que influenciam são a obesidade, com tendência ao desenvolvimento do tipo mais agressivo da doença, dieta rica em carne vermelha, gorduras e laticínios, afrodescendência (homens com ascendência africana tem risco dobrado de desenvolver a doença) e genética (em famílias em que há incidência de câncer de mama, os filhos devem ficar ainda mais atentos ao controle prostático”, pontua o especialista.

Não existem métodos preventivos para o câncer de próstata, por isso o diagnóstico precoce da doença é tão importante. “Não há como interferir no histórico familiar, na etnia ou na nacionalidade do paciente, por isso quem tem histórico familiar da doença deve avisar o médico, que indicará os exames que devem ser feitos. É importante evitar excesso de carne vermelha e gordura animal e adotar uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais. Optar por uma alimentação saudável também contribui para o controle da obesidade, que é outro fator de risco. A prática de atividades físicas também pode ser usada como estratégia para a perda de peso”, indica o médico.

No Hospital América, estão disponíveis todos os exames necessários para o diagnóstico do câncer de próstata. “A investigação da doença é feita por meio da análise da dosagem de uma substância no sangue, o Antígeno Prostático Específico (PSA), da realização do toque retal e do exame de ultrassonografia de próstata. A partir deles, o médico avaliará a necessidade ou não de realizar outros exames. A confirmação do diagnóstico de câncer é feita por meio da biópsia prostática”, explica o especialista.

As chances de cura do câncer de próstata estão diretamente relacionadas ao estágio em que a doença foi diagnosticada, da expectativa de vida, das condições clínicas e de outras doenças associadas que os pacientes tenham e que devem ser avaliadas individualmente. “Nos estágios de doença avançada, existe a possibilidade de remover completamente todas as células do câncer do corpo, levando à cura da doença. Isso pode ser alcançado por meio da cirurgia de remoção completa da próstata, a prostatectómica radical, ou mesmo pela radioterapia. Em situações especiais, podemos usar de forma combinada a cirurgia e a radioterapia, bem como utilizar certos tipos de medicação, como bloqueadores do hormônio testosterona, resultando em cerca de 85% de chance de cura. No que diz respeito à taxa de sobrevida relativa, isto é, a porcentagem de pacientes vivos 5 anos após o diagnóstico, se considerarmos todos os estágios do câncer de próstata, essa taxa é de 99%. Em 10 anos após o diagnóstico, 98%, e em 15 anos, 96%. Já nos estágios em que a doença se apresenta na forma metastática, a erradicação completa de todos os focos da doença no corpo ainda não é possível nos dias de hoje. Dessa forma, pode-se dizer que, nesse estágio, a doença não tem cura, e o objetivo do tratamento é, portanto, inibir o crescimento das células cancerosas durante o maior tempo possível. Nessa situação, a utilização de bloqueadores de testosterona, assim como, em situações especiais, a quimioterapia, são opções de tratamento que levam ao controle da doença por um longo período de tempo, proporcionando, 5 anos após o diagnóstico da doença, uma taxa de sobrevida de 29%”, lembra o doutor.

A indicação do tratamento do câncer de próstata é feita de maneira individualizada, considerando riscos e benefícios para cada paciente, e a decisão de aderir ou não ao tratamento é sempre tomada conjuntamente entre paciente e equipe médica. “Para indicar o tratamento mais adequado, considera-se a idade do paciente, doenças associadas que ele possa ter, avaliando se podem elevar muito o risco em caso de cirurgia, e características e estágio do tumor. Os tumores são classificados como câncer de próstata localizado, localmente avançado e avançado (metastático ou recidivado). Alguns tumores crescem de forma bastante lenta, mas, em alguns casos, podem crescer rapidamente, espalhando-se para outros órgãos. Para o câncer localizado, o tratamento pode se dar por cirurgia, radioterapia e até mesmo observação vigilante, em algumas situações especiais. Para a doença localmente avançada, têm sido utilizada a combinação de tratamento hormonal e radioterapia ou cirurgia. Já para a doença metastática, quando o tumor original já se espalhou para outras partes do corpo, o tratamento de eleição é a terapia hormonal”, finaliza.

Dr. Alexandre Gomes Agostinho, urologista e prestador de serviços no Hospital América de Mauá | Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) | CRM 83810