Governo do Estado teria negado envio de verbas para equipamento, mas prefeito diz que fez solicitações em outras frentes
Paula Cabrera
O prefeito de Ribeirão Pires, Clovis Volpi (PL), recebeu nesta segunda-feira (22/2) a informação de que as primeiras tratativas com o governo do Estado para liberação de verba para manter o hospital de campanha aberto não foram adiante. Com a situação, a cidade se prepara para desmontar o equipamento que atende atualmente 41 leitos de casos de média e alta complexidade de covid-19. O contrato, que custa R$ 1 milhão ao mês, vence no domingo (28/2) e, caso a administração não consiga liberar a verba, os pacientes devem ser removidos, Via Cross (Central de Regulação de Serviços de Saúde), para outros hospitais da região. Para o chefe do Executivo, esse seria um cenário de caos para todo o ABC, que já opera no limite de leitos contra a doença. "Se fecharmos o hospital, decretamos a morte de uma pessoa por dia, no mínimo. Essa pessoa é parente de alguém. Recebemos uma negativa, mas seguimos com novo pedido, em outra frente", explicou Volpi em entrevista exclusiva ao JNC em seu gabinete.
Segundo o prefeito, ele será "incisivo" para garantir o envio da verba. "O que aconteceu é que o Estado alega que tem vagas no Cross, mas o CROSS leva até 72h pra atender uma requisição. Como mantenho um paciente, com covid-19, em uma UPA com pacientes e crianças? Não tenho hospital pra atender isso. Está muito difícil", afirma o prefeito.
Ele alega que tem buscado recursos por meio de emendas parlamentares com deputados para tentar renovar o contrato. Thiago Auricchio (PL) é um dos deputados que seguem na luta para manter o espaço operando. "Não tenho recurso de ordem pessoal. Santo André paga com recursos próprios, Suzano paga também. Nossa verba vinha do enfrentamento ao Covid-19 do governo federal e estadual. Foram R$ 10 milhões, mas o custo foi de R$ 1 milhão mês e já não há mais repasses. Nós dependemos disso porque o cenário de finanças municipal é de terra arrasada", explica.
Sem conseguir o apoio do governo do Estado e com pouco tempo para angariar os valores, Volpi já tem até viagem programada a Brasília nesta semana para audiências com deputados e com o senador Major Olímpio. "Deixo a minha equipe aqui negociando com fornecedores e parto à campo para garantir as emendas e trazer esses recursos fundamentais para a cidade", diz.
A agenda com o governo do Estado também segue mantida. Um novo pedido partiu hoje de seu gabinete, endereçado ao vice-governador Rodrigo Garcia (DEM), pedindo o envio vital de verbas para evitar um possível colapso. "São Bernardo já decretou toque de recolher e suspensão das aulas porque os hospitais estão com 80% da capacidade. Mauá tem uma população de 420 mil pessoas e só 30 leitos, a maioria cupada também. Aqui estamos com 41 leitos e boa parte ocupada (23 dos 41), muitos com pacientes de Mauá e de Suzano. Perder esses leitos trará uma sobrecarga geral ao sistema de saúde da microrregião", afirma ele, que ainda aposta na mudança de postura do governo de João Doria. "O hospital de campanha da cidade é fundamental. Só o corpo médico custa R$ 464 mil em contratações de médicos, enfermeiros, sem insumos, limpeza, gerador. Preciso dessa verba, desse auxílio e tenho fé que o governo do Estado entenderá", conclui.