Prefeito afirma que recebeu administração com dívida de R$ 165 milhões e trabalha para conquistar melhorias com orçamento apertado

Em 100 dias de governo, o prefeito de Mauá, Marcelo Oliveira (PT), usa a palavra "reconstrução" para definir seu trabalho frente à Prefeitura de Mauá.

Ao JNC, Marcelo falou pela primeira vez da situação do caixa municipal ao assumir as funções e em como sua gestão começou a reconstruir programas. Segundo ele, o ex-prefeito Atila Jacomussi (PSB) deixou R$ 165 milhões de dívidas.

"Quando você passa de um ano para outro, precisa empenhar os valores a serem pagos, para serem honrados em janeiro. Ele não fez. Isso implica improbidade administrativa - ele não empenhou para o resto a pagar não ficar ainda maior. Passamos janeiro tentando acertar essas implicações", afirma.
Entre os valores não previstos para serem pagos, estaria o acordo assinado com o MP (Ministério Público) no ano passado para garantir repasses mensais de R$ 15,1 milhões à Fundação ABC, para manutenção dos serviços de saúde no município. "No meio da maior crise de saúde que já vivemos, ele não deixou previsão para pagar um acordo judicial. Com isso, tivemos todo o cuidado para acompanhar as finanças e fazer um balanço completo das dívidas", explica.

Os valores seriam de contratos não pagos, bem como tributos e indenizações. "Além da falta de políticas públicas, recebemos a Prefeitura com R$ 165 milhões de dívidas com fornecedores, precatórios, INSS e funcionalismo público, entre outros. Há ainda uma série de contratos irregulares que estão emperrando a gestão", diz.
Com a calamidade decretada em todo o país, os 100 primeiros dias de governo foram focados na área da saúde. Na opinião do prefeito, porém, o maior problema de Mauá diz respeito à gestão passada. “Identificamos, por exemplo, que o Atila deixou de aplicar 42% dos recursos federais e estaduais enviados ao município para o enfrentamento da pandemia em 2020, o que é um descaso com a população. Sem contar as acusações de superfaturamento do hospital de campanha e desvios de verbas públicas”, acrescenta.
O prefeito ressaltou que, mesmo com as dificuldades financeiras e a herança de uma administração sucateada, Mauá tem dado respostas nesta luta contra a pandemia. "Aumentamos a capacidade de atendimento aos munícipes, tanto na abertura de UBSs aos fins de semana para desafogar o fluxo nas UPAs quanto no número de leitos. Hoje, em pouco mais de três meses de gestão, ampliamos em 150% o número de leitos exclusivos para tratamento de Covid.”

Ele reforça o fato de que o número de leitos em Mauá atualmente é superior à quantidade registrada pela cidade em 2020, mesmo considerando o hospital de campanha que funcionou entre o fim de abril e início de agosto. “São 30 novos leitos de UTI e 22 de enfermaria, considerando o Hospital Nardini e o convênio com a rede privada no Hospital Sagrada Família, além da readequação e criação de novos leitos de suporte ventilatório, totalizando outros 44, nas quatro UPAs”, cita.

10 leitos foram criados em convênio celebrado com hospital particular do município


Marcelo Oliveira lembra que Mauá foi uma das primeiras cidades a demonstrar interesse na aquisição de vacinas. “Fiz questão de ir pessoalmente ao Butantan para assinar protocolo de intenção de compra de vacinas. E fizemos isso em diversas outras frentes. Não estamos parados, esperando que os governos estadual e federal nos encaminhem doses a conta-gotas, insuficientes para promovermos uma imunização em massa de nossa população.”

O chefe do Executivo afirma ainda que, embora a saúde seja o foco, as demais áreas do governo não pararam de trabalhar. Um dos exemplos é a retomada da zeladoria, com destaques para o monitoramento de áreas de risco e as intervenções em leitos de rios e de córregos com o objetivo de evitar enchentes. “Mauá tem um histórico de alagamentos e tragédias causadas pelas fortes chuvas. Neste ano, com o esforço realizado pela nossa gestão, evitamos situações ainda mais complicadas à população.”
Outra ação comentada pelo prefeito de Mauá foi o lançamento do programa Patrulha Maria da Penha, voltado para o atendimento a mulheres vítimas de violência. “Disponibilizamos viatura de nossa Guarda Municipal para atender especificamente a este tipo de ocorrência. Não podemos tolerar a violência que sempre leva ao feminicídio”, acrescenta.

Ele também fez questão de defender o trabalho na área social. “Iniciamos, sem a questão do clientelismo, a distribuição de cestas básicas e de hortifrutis para famílias que realmente precisam e estão em situação de vulnerabilidade. E mais recentemente lançamos a campanha 'Mauá na luta contra a fome' para auxiliar as famílias que tiveram perdas significativas de renda com a pandemia. Trata-se de uma luta na qual precisamos nos unir, pois a fome precisa ser combatida.”