Proposta deve entrar para leitura na próxima terça-feira, quando as sessões presenciais retornam

Paula Cabrera

A oposição ao prefeito Atila Jacomussi (PSB) conseguiu reunir as assinaturas necessárias para que o pedido de abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de inquérito) para acompanhar os gastos do Hospital de Campanha de Mauá vá à plenário na próxima terça-feira (23/6). O pedido foi protocolado pelos vereadores de oposição Marcelo Oliveira (PT), Adelto Cachorrão (PRB), Fernando Rubinelli (PTB), Professor Betinho (PSL) e Sinvaldo Carteiro (PSL), que entraram com a solicitação em abril.

Seriam necessários oito votos - 1/3 da Casa- para dar andamento ao pedido. Nos bastidores a informação é de que endossam a lista Tchacabum (PDT), Chico do Judô (PSD) e Gil Miranda (PRB).

Com as assinaturas, a proposta deve ser lida no expediente da Câmara na próxima terça-feira e começar a tramitar para ser incluída na ordem do dia, ainda sem data.

Fim da lua de mel
Além de amargar a possibilidade de abertura de uma CPI, o prefeito Atila enfrenta um suposto enfraquecimento da sua base governista. Há informações de que o último encontro entre governo e vereadores foi esvaziado antes do fim das discussões por divergências na base aliada. Alguns vereadores, já receosos com o rumo da eleição, estariam reavaliando o apoio a Atila após os desdobramentos da ação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), na segunda (15/6). A situação tem sido vista como uma boa oportunidade para aprovar propostas como a da CPI. Vale lembrar que dois pedidos de impeachment, protocololados na Casa, deverão ser lidos também na terça-feira.

Entenda o caso:
O Gaeco e a Polícia Civil realizaram na manhã desta segunda-feira (15/6) mandatos de busca e apreensão em Mauá por conta de supostas irregularidades nos contratos do hospital de campanha. Foram cumpridos mandatos na casa do prefeito Atila Jacomussi, na Prefeitura de Mauá, além de em cidades como Jundiaí, onde vive o secretário de Saúde Luís Carlos Casarin, Caieiras e São Paulo, onde a OS (Organização Social) Atlantic – Transparência e Apoio à Saúde Pública possui sedes. Na casa do secretário de Saúde teriam sido encontrados R$ 19 mil, supostamente escondidos no ar condicionado.
Segundo o Ministério Público de São Paulo, há indícios de crimes de falsidade ideológica e lavagem de dinheiro na contratação da empresa para a operação do hospital. A organização foi contratada por 90 dias pelo valor de R$ 3,3 milhões, mas opera por um período de apenas 12 horas. Há ainda problemas em relação aos possíveis donos do negócio e suspeita de que o médico Gilberto Alves Ponte Belo seria o responsável pela instituição, que estaria em nome de outra pessoa porque ele teria sido condenado a não contratar com nenhum poder público pelo período de dez anos por problemas em outros contratos.
Em nota sibre a operação a comunicação de Atila negou problemas e afirmou existir perseguição contra sua administração.
"Recebemos com indignação a notícia da ação do Ministério Público na Prefeitura de Mauá. O processo, que deu origem a mesma, foi remetido ao MP em sua integralidade, todas as informações foram esclarecidas e há conversas diárias por vídeoconferência com os promotores. Entendemos como excessiva e desnecessária a iniciativa do Ministério Público. Estamos tranquilos em relação ao desenrolar dos fatos e certos de que demonstraremos, nos autos, a lisura de todo o processo. Salienamos que Mauá está na vanguarda do combate ao Coronavírus, notoriamente com ações eficientes e reconhecidas pela população e pela imprensa".