Pré-candidato do DEM, o médico diz que prefeitura deve se aproximar de governo para conseguir mais respiradores e leitos para a cidade

Paula Cabrera
 
Mauá vive hoje uma situação de guerra. O número de casos de COVID-19 não param de crescer em todo o país e governantes correm para garantir mais leitos e atendimento digno à população. Mauá, no entanto, tem demorado mais para apresentar questões de enfretamento. O JNC entrevistou na segunda-feira (30/3) o pré-candidato do DEM, o hematologista Tchello Pierro, sobre o cenário da cidade e questionou o especialista sobre as expectativas para os próximos meses.
Tchello, que é médico no Hospital Nardini, confirmou que a situação é de urgência e que, neste momento, o isolamento social é a principal arma da população.

No entanto, o especialista frisa que na esfera política, é fundamental manter um bom relacionamento com o governo do Estado para conseguir agilizar equipamentos para médicos e equipes de enfermagem, além de respiradores para os casos mais graves. “Tenho conversado sempre com o Rodrigo Garcia [vice-governador do Estado e presidente do DEM]. É um tempo complicado esse, mas precisamos de agilidade nos leitos de UTI. É possível, por exemplo, ampliar e separar leitos no Nardini, mas eles devem estar equipados. Eu já teria corrido até o governo para liberar isso. A situação é de calamidade”, diz o médico.
O médico diz que pelos cálculos da Associação de Medicina Intensiva, seriam necessários um leito de UTI para cada 10 mil habitantes em tempos comuns. Em Mauá, seriam necessários 42, a administração do prefeito Atila Jacomussi (PSB) confirma possuir 10 aptos a receber novos casos no Nardini.  “É um sistema já saturado para uma doença de alta contaminação. Em Mauá, perdemos ainda porque mesmo que o Estado libere leitos em outros hospitais, não temos garantia de equipes de transportes, com ambulâncias, para atender isso na velocidade necessária”, diz Tchello.
Para o médico, os problemas gerais da saúde da cidade passam pela constante troca de secretários. Segundo ele, em apenas três anos foram 13 diferentes nomes gerindo o setor, além da falta de profissionais da Saúde. “Neste momento, é preciso ir para a linha de frente, não é algo político ou campanha eleitoral, é reconhecer a importância pela família, pensar nos pais, nos avós. Garantir atendimento para uma população que é extremamente carente. É preciso correr. Mauá tem ficado atrás nas decisões, na comparação com outras cidades”, diz ele.
Com 39 anos, o médico, que nasceu em Mauá e possui duas especilizações, sendo uma delas em gestão de saúde, diz que tem colocado as questões eleitorais, temporariamente à parte. Afastado das funções no Nardini, por conta do alto risco de contaminação de seus pacientes, Ele se cadastrou para atender os possíveis infectados pelo COVID-19 nos hospitais de campanha de SP. “Eu gosto de gente e, neste momento, temos de ir para ação. Se posso ajudar, estarei lá”, diz ele.
No único momento em que veste o papel de pré-candidato durante a entrevista, Tchello conta que a decisão de se embrenhar na política partiu da necessidade de pleitear melhorias na saúde – como a chegada de um IML, um banco de sangue, um PS (Pronto Socorro) Infantil e um laboratório de imagens no Nardini.
Estrela em ascensão no DEM, ele diz que possui um bom relacionamento com outros pré-candidatos e evita falar sobre dobradas com outros partidos. “Estamos ainda recebendo filiações, até sábado (4/4) e o que o DEM decidir, estará decidido. Neste momento, minha meta é salvar vidas”, conclui.