Prefeito eleito já prepara comitê para garantir melhorias contra covid-19 e evitar tragédias com enchentes em janeiro
Por Paula Cabrera
Pouco mais de 48h após sua eleição, Marcelo Oliveira (PT) ainda não conseguiu parar. "Acabei de comer um pão com ovo porque não tinha parado o dia todo para comer nada", disse ao JNC durante entrevista exclusiva na noite de terça-feira (1/12), em seu comitê de campanha. Lá, a cúpula petista também trabalhava à todo o vapor. A maior preocupação é o curto tempo para a transição antes da posse. "Protocolamos hoje o pedido na Prefeitura e já formamos uma comissão. Queremos começar isso o mais rápido possível porque temos ainda o aniversário da cidade, e a Prefeitura praticamente para perto do dia 20. É um tempo muito curto", diz Marcelo.
Para a tarefa, Marcelo definiu cinco nomes de seu núcleo duro de campanha e que deverão compor seu secretariado: Rômulo Fernandes, Leandro Dias, Helcio Silva, Orlando Fernandes Filho e Matheus Sant'Anna. "Não definimos ainda o secretariado. Mas posso dizer que minha equipe de transição tem minha total confiança e são pessoas que gostaria que seguissem no meu governo", afirma.
Entre as principais preocupações do petista, estão a real situação da pandemia em Mauá e a necessidade de implementar melhorias na Saúde o mais rápido possível para evitar mais problemas. "Acreditamos numa grande subnotificação de casos.
Vamos montar um comitê de crise para resolver a situação o mais rápido possível. Vamos atrás de quem for necessário para aumentar leitos e conseguir aparelhos", defende.
Outro ponto de urgência é a preparação para a época da chuva. Marcelo diz estar preocupado com a falta de preparo para as possíveis enchentes de início de ano. "O governo não fez qualquer preparação para conter problemas de enchentes ou encostas. Temos um tempo muito curto, mas precisamos correr para evitar tragédias no final de janeiro em diante, quando começa a época de chuvas fortes. Já estamos montando tudo, tentando acertar o que podemos para quando chegarmos à Prefeitura, termos tempo para impedir problemas", explica.
Para Marcelo, a transição é importante ainda para tentar entender a situação do caixa da cidade. "Trabalhamos com a hipótese de terra arrasada. Atila nunca respondeu a nenhuma solicitação de informações sobre o caixa e as dívidas municipais. Trabalharemos no limite para colocar a casa em ordem e atender as demandas de Mauá", pontua.
Para logo após a posse, Marcelo promete uma reforma administrativa para diminuir secretarias e desinchar a máquina administrativa. "Ainda estamos desenhando o projeto, mas posso dizer que as secretarias de Trânsito e Transporte voltarão a ser uma só. Mas as outras ainda estamos entendendo. Por exemplo, a Secretaria da Mulher tem uma verba de R$ 1 milhão ao ano e vários funcionários. Com essa verba, mal dá para pagar os servidores, não dá para entregar projetos. Então é algo que estamos debruçados para entender e acertar antes de fazer a reforma", explica.
O prefeito eleito afirma ainda que os apoios de outros prefeituráveis não ficou condicionado a troca de cargos e nega a informação de que trará "forasteiros" para Mauá. "Eles (outros candidatos) vieram porque entenderam que tínhamos a melhor proposta. Não troquei apoio por cargos ou vagas de secretariado. Mesmo nosso programa de governo foi mantido sem alteração. Já essa história de forasteiros foi fake news para tentar nos atingir", diz.
Questionado sobre a governabilidade na Câmara, o prefeito eleito diz estar tranquilo. "Falei com todos os vereadores eleitos ainda no primeiro turno e após a vitória. Isso é algo que construiremos aos poucos. A Câmara é independente e contamos que os novos vereadores votarão pelo bem da cidade", diz.
Com uma diferença de 2.676 votos para Atila Jacomussi (PSB), Marcelo afirma que trabalhará para unir a cidade e governará para todos. "Mauá se libertou de uma situação difícil. Atila governava como o dono da cidade. Não é o meu perfil. Sou simples, seguirei sem atacar ninguém. Governarei de coração aberto de verdade, não só no discurso", afirma.
A história do novo prefeito Marcelo Oliveira (PT) com a cidade é antiga. Morador do Zaíra desde o nascimento, ele ainda pode ser encontrado facilmente conversando com vizinhos e assando carne em um bar de frente à sua casa, próximo ao colégio Marcelina, o conhecido Zaírão. "É uma das coisas que mais gosto de fazer. Sento lá, levo minha grelha, assamos carne e conversamos para passar o tempo", conta ele, que se emociona ao lembrar do amigo e dono do bar, conhecido como Guina, que faleceu neste ano.
"Comíamos sempre juntos. Meus filhos adoravam ele. Era um cara do bem. Tá fazendo muito falta", diz.
A tranquilidade e o jeito despojado o tornaram um dos políticos mais admirados de Mauá. Os eleitores e vizinhos contam que nada mudou desde a primeira eleição- nem o jeito de Marcelo, nem seu endereço e simplicidade.
O tom de voz, no entanto, pode subir sim. Marcelo, que foi cipeiro na GM, teve seis mandatos de diretor da Fencut - Federação Nacional dos Metalúrgicos e ocupou ainda o cargo de diretor social no Sindicato dos Metalúrgicos em São Caetano do Sul por dois mandatos. "Lá aprendi também a subir a voz e me impor quando necessário. Se precisar resolver no grito, eu resolvo, mas prefiro na conversa", afirma.
No PT desde 2002, ele está atualmente em seu terceiro mandato de vereador. Na primeira eleição em que concorreu, em 2008, foi o vereador mais votado da coligação. Em 2012, foi o mais votado da cidade e, em 2016, o único eleito pelo PT. Mesmo quando o partido enfrentou o pior da opinião pública, Marcelo se manteve leal. "As pessoas falam do PT e da corrupção, mas nosso atual prefeito foi preso duas vezes e ligado à diversos esquemas de corrupção. Não tinham como colar isso na gente. Sempre fui íntegro, não há nada contra mim", aponta.
Casado e pai de três filhos, - um de 28 anos e um casal com 10 e 5 anos - Marcelo, aos 48 anos, se emociona ao lembrar do pai, que já faleceu e da mãe, que aos 72 anos fez questão de participar da abertura de campanha do filho. "Sou um homem muito família. Me emocionei muito com minha mãe participando da caminhada no Oratório e sei que meu pai está orgulhoso. Vamos trabalhar agora para que todos os mauaenses também voltem a ter orgulho de Mauá".
Fã das coisas simples - ele comia pão com ovo quando o JNC chegou para a entrevista - Marcelo contou que precisou correr até uma loja para comprar uma camisa vermelha para atender a imprensa, por orientação de sua equipe. Foi em uma loja simples de rua, que sempre frequentou. "Pedi para menina cortar a etiqueta e sai vestindo a camisa nova. Todos na loja disseram que votaram em mim porque se identificam comigo, fiquei muito feliz."
Depois de tanto tempo, parece que Mauá, enfim, voltará a ter um prefeito do povo.