Câmara vota contas de Atila nesta terça em clima de incerteza; Ex-prefeito precisa de 16 votos, mas não teria conseguido costurar aprovação nos bastidores

Paula Cabrera

A votação das contas do ex-prefeito Atila Jacomussi (SD) deverá acontecer nesta terça-feira (10/8) em clima de incertezas na Câmara de Mauá. O balancete é referente ao ano de 2017, primeiro do mandato do político, e veio com recomendação do TCE - Tribunal de Contas do Estado, o que dificulta o cenário. Atila precisará de 16 votos para evitar ficar inelegível nas eleições de 2022, mas nos bastidores a informação é que o ex-prefeito não conseguiu os votos necessários.
Segundo informações, Atila tentou no fim de semana uma aproximação com parlamentares em clima de tudo ou nada. A ideia é que o político cobrou favores e bancou que ainda tem poder para dificultar eleições futuras de "traidores" - antigos afetos e aliados que podem lhe virar as costas. Mas a informação é que mesmo assim, ele não conseguirá o mínimo necessário. Pesaram aí a aproximação de Marcelo Oliveira (PT) com a Câmara. PSDB e PT teriam orientado parlamentares a votar pela rejeição. Outros que teriam costurado proximidade, como PSD, PDT e PP também mostraram dúvidas em apoiar o ex-prefeito.
Atila terá direito de defesa em plenário, mas não está confirmado se o ex-prefeito irá à Câmara ou mesmo se pedirá que seus advogados façam uso da plenária. Até aqui, ele tem sido sistemático em evitar a defesa. Atila terá 30 minutos para utilização da tribuna em defesa oral, podendo nomear um defensor para essa tarefa. Também poderá escrever memorando e entregar aos vereadores.

Pela Lei da Ficha Limpa, político condenado por órgão colegiado pode ser enquadrado na legislação e ficar inelegível por oito anos.

Atila quer tentar vaga à Assembleia Legislativa, onde foi deputado estadual de 2015 a 2016, quando renunciou ao cargo para exercer o mandato de prefeito.
As contas vão para plenário com recomendação de manutenção do parecer do TCE – ou seja, pela reprovação do balancete – por parte da comissão de finanças e orçamento da Câmara. De acordo com a publicação,
O TCE rejeitou as contas de 2017 de Atila indicando que houve “expressivo déficit orçamentário”, na ordem de 32%, “demonstrando que o orçamento foi superestimado”. O orçamento desenhado pela Prefeitura de Mauá para o ano de 2017 – formulado no ano anterior, na gestão de Donisete Braga (ex-PT) – estimou arrecadação na ordem de R$ 1,3 bilhão, enquanto que a receita do município naquele exercício sequer ultrapassou o R$ 1 bilhão: chegou a R$ 900,1 milhões. Os conselheiros do TCE ressaltaram, porém, que Atila não adotou mecanismos para mitigar o cenário negativo.