Vítima de 47 anos estava internada na UPA Barão e não resistiu
Paula Cabrera
Mauá registrou nesta madrugada de domingo (24/5) mais um óbito de uma paciente com covid-19 que aguardava transferência para uma UTI do Nardini.
A mulher, de 47 anos, morreu na UPA Barão de Mauá, após mais de três dias aguardando transferência pelo Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde) para algum serviço de referência. Diabética, ela teria dado entrada na UPA na quarta-feira (20/5) já com dificuldades respiratórias. Em áudio da consulta médica, ao que o JNC teve acesso, o médico confirma que a vítima seria a paciente "mais grave" internada no local. O médico diz que ela teria mais de 50% dos pulmões comprometidos pela doença e alerta a família que a melhor chance de recuperação estava atrelada à transferência dela para um hospital com UTI completa e focada para pacientes com covid-19. "Ela está no limite. Entrei com a cloroquina para ver se ela reage. Existe uma central de regulação e chamei nossa chefe geral e passei o caso. E ela está fazendo pressão para ver se conseguimos, mas até agora foi negado. O protocolo inicia pedindo vaga para o Nardini, uma vez que foi negado no Nardini, pede para hospitais Estaduais. Uma vez que o Nardini não tem vaga, faz a solicitação para outras cidades", explica o médico.
Na consulta ele diz ainda que o hospital de campanha não seria a melhor opção para a transferência. "Se conseguíssemos Mário Covas, São Bernardo, São Paulo, seria o melhor", diz.
Em determinado momento, a irmã da vítima chega a questionar diretamente se a irmã realmente precisaria da transferência e de uma UTI, ao que o médico confirma. "Sim. O problema é que ela precisa uma UTI covid. Com equipamento específico e com acompanhamento para não contaminar outras pessoas", diz o médico. Em outro momento da conversa, ele justifica que nestes casos, ela poderia também fazer exames de tomografia para acompanhar melhor o avanço da doença. "Quando um paciente entra para tomografia, o aparelho é fechado. Temos uma paciente com AVC que não pode fazer exame por isso. É preciso um local específico para atendimento, assim como a UTI Covid-19", diz.
A situação confirmaria que Mauá ja opera no seu limite e poderia estar enfrentando um colapso no sistema de Saúde, com a possibilidade de casos mais complexos terem leitos negados. A Prefeitura nega a falta de leitos e diz que o hospital de campanha tem apenas 20% da capacidade tomada.
O JNC já noticiou que o número de leitos de UTI na cidade poderia ser insuficiente. A cidade tem a maior letalidade entre as sete da região. Em Mauá, 15,9% dos casos de covid-19 acabam em morte, enquanto no Estado o número é de 8%.
Mauá possui apenas 19 leitos de UTI. São dez Nardini e, segundo a administração, quatro no hospital de campanha. Há outros cinco conquistados em parceria com o Hospital Vital. As UPAS tem dois leitos adaptados para casos mais complexos, totalizando mais oito leitos, mas não está claro se esses leitos seriam apenas para casos semi-intensivos.
Já leitos semi intensivos são 24 no Nardini - que tinha ocupação de 20 no dia 29 de abril- 26 no hospital de campanha e 24 no Vital. A administração afirma que o hospital de campanha tem apenas cinco internações. Não foram divulgados os casos no Hospital Vital.
Confira a nota completa da Prefeitura
"Lamentamos e nos solidarizamos à família nesse momento difícil. Informamos que a paciente recebeu toda a assistência possível.
Ainda não temos todos os leitos de UTI ocupados na cidade, a taxa de ocupação é de 78%. Este dado equivocado de 100% de ocupação divulgado pelo SPTV foi um erro de comunicação entre o Consórcio Intermunicipal do ABC com a rede de televisão, já que o Consórcio não tinha os dados atualizados sobre os novos números de leito de Mauá.
Temos ainda, por meio de parceria público-privada, 29 leitos no Hospital Vital, sendo 5 UTIs e 24 semi-inte