Promotoria diz que Prefeitura forneceu equipamentos que, por contrato, seriam oferecidos pela Atlantis

Paula Cabrera

Relatório do MP (Ministério Público de São Paulo) aponta que a operação deflagrada pela promotoria e a Polícia Civil em Mauá, no último dia 15, constatou que os equipamentos instalados no hospital de campanha "são da própria prefeitura, quando o contrato, de R$ 3,3 milhões por apenas três meses de vigência, previa que a organização social Atlantic – Transparência e Apoio à Saúde Pública fornecesse os aparelhos".
O texto cita ainda que na casa do secretário de Saúde, Luis Carlos Casarin, além de quase R$ 20 mil nos dutos de ar-condicionado, foram encontrados documentos rasgados, tudo levado para a apuração da promotoria.
Para a promotoria, a situação deflagra que "há fortes indícios, segundo as investigações do MPSP, de crimes previstos na lei de licitações, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, entre outros". "É necessário que sirva de exemplo", disse o procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo. De acordo com ele, a utilização indevida de dinheiro público nunca é tolerável, especialmente quando desviam-se "recursos que podem salvar vidas".  "Isso é trair a população", afirmou o procurador, em entrevista à Rádio Jovem Pan.
Questionado nessa sexta-feira sobre o desdobramento das investigações, o MP afirmou que não tem "acesso a essas informações, pois a investigação tramita sob sigilo".

Mais investigação
Nesta sexta-feira (26/6) uma reportagem da TV Globo apontou que o MPC (Ministério Público de Contas) apura possíveis irregularidades na contratação de médicos pela Ocean, uma das OSs (Organização Social) investigada na operação do Gaeco em Mauá. Segundo a reportagem, há médicos cadastrados como prestando serviços em quatro hospitais de campanha em SP, incluindo em Mauá, e também na cidade de Rio Branco, no Acre. O médico negou prestar serviço em qualquer local.
Questionada sobre os assuntos, a administração do prefeito Atila Jacomussi (PSB) não se manifestou até o fechamento desta matéria. A reportagem não conseguiu contato com a Ocean. Na Reportagem da TV Globo, a empresa negou divergências e afirmou que não solicita exclusividade no contrato de trabalho.

 
Entenda o caso
A denúncia tem como base matéria do JNC que aponta que Atila teria gasto mais do que o dobro de Santo André na estrutura do hospital- com capacidade para 30% menos atendimentos- a contratação de uma OSS (Organização Social de Saúde) para gerir o hospital entrou no radar da oposição e foi parar na Justiça. As duas contratações foram questionadas em processo entregue ao MP (Ministério Público) e ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) para possíveis investigações de má administração de recursos públicos. As denúncias no Gaeco foram feitas pelos vereadores Marcelo Oliveira (PT), Fernando Rubinelli (PTB), Adelto Cachorrão (Republicanos), Sinvaldo Carteiro (PSL) e Professor Betinho (PSL). O pré-candidato à Prefeitura, Juiz João Veríssimo também quesitonou o tema.
O prefeito Átila Jacomussi já foi afastado da prefeitura anteriormente quando teve o mandato cassado pela Câmara de Vereadores em setembro. No entanto, ele conseguiu voltar ao cargo após uma decisão judicial. Ele já foi preso durante uma operação da Polícia Federal suspeito de desvio de verbas de merenda.