Prefeito teria oferecido testagem em massa para pastores de igreja aliada de campanha

Paula Cabrera

O prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), voltou a ser acusado de compra de votos pela oposição da cidade. Adversários questionam a decisão do chefe do Executivo de realizar testagem em massa em pastores de uma igreja evangélica que é atualmente forte aliada da base política do vereador Ricardinho da enfermagem ( PSB), um dos mais cotados para assumir a vaga de vice na chapa de Atila à reeleição. Procurada, a assessoria de Atila não respondeu.

Na sexta-feira (14/8), o JNC recebeu relatos de que Atila teria montado a ação para ser realizada no sábado de manhã. Em Mauá, a base evangélica de votos costuma ser uma das mais fortes na cidade, com uma bancada de peso no Legislativo. A decisão de Atila de promover a testagem em massa na igreja aliada direta de Ricardinho não foi bem vista e gerou falatório tanto na base governista quanto na oposição.

No sábado de manhã (15/8), Atila confirmou em suas mídias sociais que esteve na igreja e deu início à testagem em massa nos pastores do local. Diferente de outras ações da administração, Atila não atribuiu datas ou testagem para outros grupos religiosos ou bairros de Mauá. Nas mídias sociais as críticas referem-se ao possível favorecimento dos aliados em detrimento da população. "Teste à TODA população, independente de religião", questionou uma usuária. Outra cobrou que duas filhas tinham sintomas, mas não conseguiu realizar os exames. "E realmente até agora não tive resposta", concluiu ontem (16/8) a moradora da cidade.

A decisão de Atila de abrir franca campanha usando recursos públicos tem motivado uma série de denúncias ao MP (Ministério Público). Os questionamentos vão desde entrega de gás, passando por asfalto em áreas irregulares, permissões para possíveis invasões até favorecimento na realização de testes contra o coronavírus. As denúncias já feitas ao JNC confirmaram que os testes seriam facilitados por um pastor ligado a um vereador da cidade. A sede da igreja seria ponto de partida para conseguir a autorização para realizar o teste. A informação foi recebida pelo JNC por mais de uma fonte, desde junho.

Atila já responde processo anterior por suposta compra de votos

Essa não é a primeira vez que Atila flerta com o possível crime de compra de votos.
Ele virou réu em ação que investiga se ele autorizou instalações clandestinas de água em troca de votos na época em que comandou a Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), entre 2013 e 2014, quando era superintendente do Sama (Saneamento Básico de Mauá) e deixou o cargo para concorrer à deputado estadual.

O processo movido pelo Ministério Público indica que o prefeito supostamente cometeu atos de improbidade administrativa ao, segundo as investigações, autorizar a ligação de cavaletes sem o hidrômetro a munícipes da Rua Armando Benedetti e da Viela Kassap, no Jardim Itapeva. Sem esse dispositivo não é possível registrar o consumo de água e, consequentemente, calcular a fatura.
Na petição, a promotora de patrimônio público e social de Mauá ll, Letícia Lourenço Costa sugeriu que Atila permitiu a situação por interesses eleitorais. A passagem do socialista pela Sama, durante o governo do ex-prefeito Donisete Braga (Pros, 2013-2016), antecedeu sua candidatura vitoriosa a deputado estadual, quando foi eleito com 62.856 votos. “Atila, na condição de superintendente da Sama, ultrapassou limites da razoabilidade ética inerente
à própria função administrativa e à condição de cidadão, expressando desprezo quanto à oneração da população”, cita trecho da denúncia.