
Marcelo Oliveira, Prof. Betinho, Sinvaldo e Cachorrão querem explicações sobre ONG contratada sem licitação e possível valor superfaturado da locação de tendas
Paula Cabrera

As contratações do prefeito Atila Jacomussi (PSB) para levantar e gerir o Hospital de Campanha de Mauá seguem causando alvoroço na cidade. Depois de o JNC confirmar que Atila gastou mais do que o dobro de Santo André na estrutura do hospital- com capacidade para 30% menos atendimentos - a contratação de uma OSS (Organização Social de Saúde) para gerir o hospital entrou no radar da oposição e foi parar na Justiça. As duas contratações foram questionadas em processo entregue ao MP (Ministério Público) e ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) para possíveis investigações de má administração de recursos públicos. O pré-candidato Juiz João Veríssimo (PSD) também teria protocolado o pedido de investigação sobre os casos.

Os valores e a proposta de contratação da OS Atlantis foram divulgados por Atila Jacomussi na última quinta-feira (9/4), no Diário Oficial da Prefeitura. Segundo a publicação, o custo para o gerenciamento do Hospital foi de R$ 3.239,700 milhões por três meses. Valor mensal de R$ 1.079,900 milhão. Nesse valor, o cuidado de cada paciente custaria quase R$ 36 mil reais por mês aos cofres públicos - o número considera que o hospital de campanha terá 30 leitos e não soma ainda o valor gasto com a estrutura. Apenas o custo mensal por paciente.

Além do alto valor na contratação, a empresa escolhida tem sido motivo de várias discussões no meio político. Apesar de ser uma empresa teoricamente nova - na Receita Federal a data de criação dela é setembro do ano passado - os sócios e diretores seriam figuras conhecidas do meio político, envolvidas em diversas supostas polêmicas como Superfaturamento de contratos e má gestão de recursos públicos.

O médico que participou da Live com Atila para anunciar a contratação, e que deve assumir a gestão do Hospital de Campanha, Gilberto Alves Pontes Belo, seria também responsável pelos grupos GAMP (Grupo de Apoio à Medicina Preventiva), que assinou contrato de R$ 1 bilhão em Caieiras, e que caiu na mira do MP na cidade de Canoas, no Rio Grande do Sul e também em Paraupebas, no Pará. Os dois acordos teriam sido alvos de investigação por falta de pagamentos de médicos e falta de profissionais, equipamentos médicos e mesmo medicamentos.

Gilberto teria ainda ligação com a empresa Ocean, que tem como sócia Jéssica Alves Porto Belo, a mesma possível dona da OS contratada em Mauá, a Atlantis. A ideia é que condenado por improbidade administrativa por conta dos contratos investigados em outro Estado, Gilberto teria aberto novos CNPJs, que teriam sido colocados no nome de sua possível esposa, Jéssica, o que garantiria a possibilidade de participar de novas concorrências com o Poder Público.

Mas a história de problemas da OS escolhida não termina aí.
O endereço do escritório da OS em Caieiras, informado no registro de dados da Receita Federal é, na verdade, um terreno vazio, cercado apenas por tapumes.

O vereador Professor Betinho (PSL) visitou o espaço neste sábado (11/4) e confirmou que não há atendimento no local. O pré-candidato à Prefeitura, Juiz João Veríssimo (PSD) foi o primeiro a apontar a irregularidade, ainda na tarde de ontem (10/4). Ele afirmou que visitou a cidade após verificar no Google Maps que não havia edificações no local.
Matéria feita pelo JNC motivou denúncia
Os parlamentares questionam ainda o valor gasto pela cobertura do Hospital. Os 30 leitos anunciados pelo prefeito Atila Jacomussi (PSB) tem um custo médio de R$ 7.366 cada um, de acordo com valores publicados no Diário Oficial do Município. Mauá pagou R$ 665.700,00 para a empresa Pilar Organizações e Festas período de três meses, sendo um gasto mensal de R$ 221.900,00. Santo André gastou R$ 315 mil no valor total (por três meses), numa estrutura com capacidade para 100 leitos.
O JNC entrou em contato com a Prefeitura mas não recebeu retorno. A empresa não atendeu no telefone informado no site da Receita.