Coordenadores de urgência e emergência da cidade seriam apadrinhados de Ricardinho da enfermagem; contratação tem gerado mal-estar nos bastidores

Paula Cabrera

A demissão de servidores da Saúde por supostas motivações políticas levantou na área uma série de críticas quanto ao estigma político também nas contratações de profissionais. As críticas atingem, em específico, os supostos coordenadores de urgência e emergência na cidade, Tânia Foganholi e Carlos Foganholi, que coincidentemente são casados.
Ambos teriam assumido os cargos há pouco tempo e seriam apadrinhados políticos do vereador Ricardinho da Enfermagem (PSB), que tem ganho cada vez mais força dentro da bancada governista, desde a volta de Atila à Prefeitura, em setembro do ano passado.

Vereador Ricardinho da Enfermagem e Carlos Foganholi | Foto: Facebook

Ricardinho é um dos cotados como possível vice na chapa de Atila nas eleições municipais deste ano.
Tania é contratada desde setembro do ano passado e aparece na Folha de pagamento da Prefeitura com cargo de coordenador e salário de R$ 15.478,70. Já Carlos, seria contratado pela Aleluia Serviços Médicos, empresa terceirizada que presta serviços para a Fundação ABC, que cuida dos serviços do Cosam (Complexo de Saúde de Mauá). Ele teria sido contratado em março deste ano, para fazer a gestão médica dos serviços de urgência e emergência. Ela seria responsável por auxiliar o mesmo serviço, mas em tese, apenas para enfermeiros e auxiliares.

Mas mesmo o cargo de Carlos não é confirmado. Ao JNC ele se apresentou como o coordenador dos serviços de urgência e emergência, mas a informação foi desmentida nos bastidores por funcionários da própria secretaria de Saúde. Ao que parece, a designação de Carlos ao cargo desagradou profundamente o atual secretário de Saúde de Mauá, Luiz Carlos Casarin, que não teria qualquer contato com o médico para dialogar ou resolver problemas. Entre os profissionais da linha de frente, que lidam com o médico, o clima é de insatisfação. "Na última sexta ele humilhou uma médica por telefone, com xingamentos. Em Osasco ele também é coordenador, os médicos lá estão malucos.

Postagens no perfil de Tânia na rede social Facebook

Trabalhar com ele é bem complicado", diz um profissional que prefere não se identificar.
Os nomes de Tânia e Carlos acabaram sendo ventilados como cargos políticos "protegidos" pelo governo Atila após a Prefeitura divulgar nota para outros jornais em que diz que a demissão de quatro servidores do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), feita na semana passada após eles participarem de uma live e criticarem a Prefeitura, teria seguido critérios técnicos de reformulação de quadro de funcionários. a nota gerou indignação entre boa parte dos servidores, que levantaram o descontentamento com a contratação do casal.

Em conversa com o JNC, o próprio Carlos negou que a decisão da demissão tenha passado por ele. O médico também negou qualquer irregularidade na sua contratação. "Seguiram critérios técnicos. Sou médico, com ampla experiência e tenho passagens em outras gestões, de desafetos do atual prefeito inclusive, que confirmam que não foi uma contratação política", diz ele, que nas mídias sociais aparece em fotos ao lado de Ricardinho em diferentes ocasiões.
Tania, sua esposa, preferiu não responder sobre sua ligação com Ricardinho. Nas mídias sociais ela é ampla divulgadora de ações do vereador.

Procurado, Ricardinho negou que tenha participado de qualquer tratativa de contratações que envolvam o casal e afirmou que os conhece por estar sempre presente em ações relacionadas à Saúde da cidade.
O advogado Fábio Menezes, especialista em direito eleitoral e público afirma que apesar de a situação criar mal-estar entre a categoria, não há irregularidades na contratação de marido e mulher para a mesma função pública e nem pelo apadrinhamento político. "É algo imoral, mas não ilegal. A questão do nepotismo é a questão do cargo politico, se um deles ocupasse uma função política, de cargo eleitoral, o que não é o caso. São ambos agentes públicos, não há problemas. O suposto apadrinhamento político que os beneficiou, é prática comum no nosso sistema eleitoral e não há nada ilegal nisso", diz.

Procurada, a Prefeitura de Mauá não se manifestou até o fechamento desta matéria.