Ex-prefeito receberia rendimento maior do que como chefe do Executivo; contratação gerou burburinho na política local
Paula Cabrera
O ex-prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), foi exonerado do cargo de assistente especial legislativo no gabinete de liderança de representação partidária. Segundo fontes ligadas ao vereador que teria feito a nomeação, o cargo exigiria entrega de documentação que confirmaria conclusão de curso em ensino superior e não teria sido entregue pelo socialista dentro do prazo. Conforme adiantado pelo JNC, a decisão também teria pego mal porque acentuaria que o prefeito foi totalmente isolado da política local.
Ao Repórter Diário, o prefeito afirmou que a nomeação teria sido um equívoco porque ele não teria confirmado aceitar o convite. "A Câmara Municipal de SP tem critérios técnicos muito precisos. O 'equívoco' foi que ele não comprovou ter ensino superior", disse à fonte ao JNC. Sua biografia na Assembleia Legislativa, onde teve um mandato de dois anos, diz apenas que ele participou da UNE (União Nacional dos Estudantes), mas não faz menção à qualquer curso superior. No registro de candidatura no TRE (Tribunal Regional Eleitoral), Atila confirma ter apenas segundo grau completo.
O cargo para trabalhar na Câmara de São Paulo tinha salário bruto inicial de R$ 19.085,82, quantia superior à que recebia quando administrou Mauá - quando recebia R$ 18.576,09. O socialista teve a nomeação confirmada no Diário Oficial do Município desta terça-feira (23/2) para ser a indicação foi feita pelo vereador Sidney Cruz (SD), que está em seu primeiro mandato no Legislativo paulistano. Cruz obteve 17.899 votos.
A indicação do Solidariedade confirmou que o ex-prefeito segue isolado dentro do PSB. A indicação partiu de bloco formado pelo Podemos, Solidariedade e PP.
Nos bastidores, Atila trabalha para lançar candidatura a deputado no pleito do ano que vem e a expectativa é de que ele anuncie, em breve, a ida ao Solidariedade.
A notícia gerou burburinho na política local, principalmente porque Atila estaria isolado na região e teria precisado de apoio de São Paulo para cavar espaço- Kiko e Gabriel Maranhão, por exemplo, conseguiram espaço em governos locais.
Com uma série de escândalos ligados ao seu nome, o ex-prefeito teria sido deixado de lado por aliados. Atila foi preso duas vezes nas operações Prato Feito e Trato Feito, ambas deflagradas pela PF (Polícia Federal) e acusado pela PF de liderar esquema de desvio de dinheiro público de contratos da merenda escolar e de pagar, com recursos ilícitos de empresários, mensalinho aos vereadores da cidade. Ele nega todas as acusações e conseguiu, no STF (Supremo Tribunal Federal), reverter as prisões. O processo, no entanto, não foi extinto, mas encaminhado para a Justiça Eleitoral. As investigações sobre o suposto superfaturamento do Hospital de Campanha também não foram arquivadas pelo Ministério Público e seguem em andamento.