Governador afirma que idosos com menos de 69 anos não tem data prevista para imunização e só garante imunização para menos da metade dos profissionais da educação
Paula Cabrera
A decisão do governo estadual de adiantar a vacinação para profissionais da educação e da segurança foi recebida no meio com um misto de euforia e preocupação. A imunização da educação deverá cobrir apenas profissionais com idade a partir de 47 anos e que trabalhem no ensino básico (até o ensino médio). Isso deve cobrir apenas 40% do setor, número considerado baixo para fornecer segurança para o retorno das atividades presenciais.
"A vacinação é um avanço importante e representa uma parcial conquista da luta dos profissionais da educação. Contudo, esperamos que isso não seja utilizado como argumento para o retorno das aulas presenciais neste momento. Pois, como somente os profissionais com idade superior a 47 anos serão vacinados, isso representa apenas uma parcela da categoria. Diante da nossa luta, é evidente que um dia a vacina chegaria, mas é salutar lembrar que não adianta vacinar uma parte da população e obrigar a outra parte não vacinada a colocar sua vida em risco, convocando para atividades presenciais. Até mesmo porque isso aumentará o índice de pessoas circulando pelas cidades e consequentemente a transmissão do vírus", disse o dirigente da Apeoesp no ABC, André Sapanos.
O anúncio de Doria beneficia 350 mil profissionais, entre diretores, professores, inspetores de alunos e professores do ensino público e privado. A decisão foi vista com preocupação por parte dos profissionais que temem serem convocados ao trabalho mesmo estando fora do grupo da vacina. "Já circula o pedido de retorno das aulas no pós vacina, mas alunos não serão vacinados e nem boa parte do corpo docente. É uma roleta russa", disse uma professora que preferiu não se identificar.
A decisão do governo coloca em xeque ainda a vacinação de idosos com menos de 69 anos. Apesar de o governo garantir que não suspenderá a vacinação, não passou novas datas para imunizar novos grupos. Vale lembrar que apenas nos idosos entre 69 e 71 anos são 910 mil doses, apenas na primeira imunização. Com a chegada em conta-gotas, a vacinação da faixa entre 60 e 68 anos, que é muito maior, deve ser jogada para os próximos meses e assim arrastar a expectativa de vacinação ao longo de todo o primeiro semestre.
Segundo o Estado, a partir de 5 de abril, 180 mil policiais civis, militares e técnicos-científicos, agentes penitenciários, bombeiros e guardas civis metropolitanos começam a ser vacinados. A meta é vacinar todos os integrantes de forças de segurança que estão na ativa.
Já no dia 12, 350 mil professores e demais funcionários de escolas estaduais, municipais e particulares com idade a partir de 47 anos também serão incluídos na campanha. Para profissionais da rede privada, haverá apresentação obrigatória dos dois últimos contracheques para evitar fraudes na vacinação.
O público-alvo representa cerca de 40% de todos os profissionais da educação básica em São Paulo. Inicialmente, o Governo do Estado está priorizando profissionais com idade em que a incidência de casos moderados e graves da COVID-19 é mais alta.
A data para o início do cadastro para os profissionais da Educação e das forças de Segurança Pública será divulgada nos próximos dias. Os formulários estarão disponíveis no site Vacina Já ( www.vacinaja.sp.gov.br ).