Paula Cabrera

A Prefeitura de Mauá inaugurou nesta segunda-feira (27/4) o Hospital de Campanha para combater o coronavírus. O espaço conta com 30 leitos, individuais, com instalações de ar condicionado, laboratórios de exames, salas de descontaminação e quatro UTIs, com respiradores, para casos mais graves.
O Hospital foi inaugurado no meio de uma grande polêmica. O custo do Hospital em relação aos implantados em Santo André, é 111% maior. A situação acabou entrando no radar da oposição e o local virou alvo de ao menos três denúncias ao MP (Ministério Público). Entraram com a solicitação os vereadores de oposição Marcelo Oliveira (PT), Adelto Cachorrão (Republicanos), Professor Betinho (PSL), Sinvaldo Carteiro (PSL), além de outras denúncias protocoladas pelo vereador Fernando Rubinelli (PTB) e pelo pré-candidato Juiz João Veríssimo (PSD), essa última acatada po MP, que já começou investigações.
Os 30 leitos anunciados pelo prefeito Atila Jacomussi (PSB) tem um custo médio de R$ 7.366 cada um, de acordo com valores publicados no Diário Oficial do Município.
Mauá pagou R$ 665.700,00 para a empresa Pilar Organizações e Festas, sendo um gasto mensal de R$ 221.900,00. Mauá argumenta ter os mesmos serviços de Santo André, mas o espaço terá 30 leitos, com possibilidade de "dobrar a capacidade em até 72 horas".
A administração do prefeito Paulo Serra (PSDB) contratou a empresa SP Eventos pelo valor total de R$ 315 mil por três meses de contrato. Vale ressaltar ainda que em Santo André, o aporte para locação de tendas atende uma área para 120 leitos, além de sala de desinfecção e laboratórios. Lá, as alas possuem seis leitos cada e os climatizadores são usados conforme orientação da OMS (Organização Mundial de Saúde) que já afirmou que ar condicionado pode estimular a circulação do vírus e complicar o tratamento do covid-19.
Além do valor empenhado na locação da estrutura, Mauá enfrentou dezenas de críticas pela escolha da ONG para coordenar o espaço. Segundo a publicação, o custo para o gerenciamento do Hospital prla Atlantis foi de R$ 3.239,700 milhões por três meses. Valor mensal de R$ 1.079,900 milhão.
Além do alto valor na contratação, a empresa escolhida tem sido motivo de várias discussões no meio político. Apesar de ser uma empresa teoricamente nova - na Receita Federal a data de criação dela é setembro do ano passado - os sócios e diretores seriam figuras conhecidas do meio político, envolvidas em diversas supostas polêmicas como superfaturamento de contratos e má gestão de recursos públicos.
A Prefeitura de Mauá nega as irregularidades e chegou a fazer um vídeo com o secretário de Saúde, Luiz Carlos Casarin, justificando as diferenças entre o contrato de Mauá e o de Santo André.
Ele afirma que a divergência de valores ocorre porque a cidade vizinha contratou apenas a tenda e todas as obras internas foram feitas pela administração de Paulo Serra com serviços municipais.
Questionada pelo JNC, a Secretaria de Saúde de Santo André diz que alguns serviços não estavam inclusos no escopo do contrato, mas diz que as divisórias, chão, elétrica e toda a parte de isolamento foram feitos pela SP. Sobre o aditamento de cerca R$ 78 mil, citado por Casarin no vídeo, a administração de Paulo Serra revelou que refere-se à tenda que será instalada na quadra da UFABC (Universidade Federal do ABC), com capacidade para 80 leitos, valor médio de R$ 975 reais por cada leito. O valor, neste caso, é apenas pela tenda, sem qualquer serviço de divisórias ou eletricidade e pelo período de três meses. Ou seja, Mauá teria pago, neste caso, oito vezes mais para garantir eletricidade, hidráulica, ar condicionado e divisórias pelo espaço em Mauá- sem levar em consideração, no entanto, que Santo André possui espaço para atender até o triplo de pacientes, levando em conta que atualmente Mauá abrirá apenas 30 leitos.

O espaço em Mauá é 24 horas, mas recebe pacientes de portas abertas apenas entre as 7h e as 19h. Entre as 19h e as 8h serão recepcionafos apenas pacientes enviados pelos serviços de Saúde de Mauá.
O prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB) revelou que até o momento 80% dos leitos do Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini foram ocupados. Dos 10 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), sete estão ocupados. Nos demais 24 leitos, 20 já contam com pessoas infectadas. Para tentar atenuar isso já foi assinado um acordo como Hospital Vital para mais 24 leitos e agora o hospital de campanha.

Confira a nota completa abaixo:

Informamos que o valor pago no contrato da locação de tenda no Hospital de Campanha foi de aproximadamente R$ 200 mil, contudo, a estrutura conta com containers de laboratório, banheiros e sala de desinfecção. 
Os valores informados por outras cidades são bem próximos ao valor de Mauá, lembrando que o modelo de Mauá possui características exclusivas de um Centro Especializado de Combate ao Coronavírus, com laboratórios, área de desinfecção, triagem dentre outros.
O valor aproximado estimado de R$ 200 mil é pela estrutura e R$ 1 milhão em equipamentos e 40 profissionais.