Ex-prefeito tem buscado articular aprovação em reuniões com vereadores; ano foi marcado pelo escândalo da merenda
Paula Cabrera
As contas rejeitadas pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) do ex-prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), referentes ao exercício de 2018, já estão na Câmara de Mauá, onde devem ser apreciadas pelos vereadores do Legislativo em breve. Nos bastidores, a aprovação das finanças do socialista tem sido discutida com parlamentares, que devem se encaminhar para sua aprovação. Apesar de o ano ter sido marcado por escândalos, em decorrência das duas prisões do socialista e as consequentes trocas no comando do Paço mauaense. Naquele ano, Atila foi investigado pela Polícia Federal por desvio de recursos financeiros da Educação e possível fraude em licitação, corrupção ativa e passiva e formação de organização criminosa.
A informação que circula é que Atila tem articulado nos bastidores acordos com os vereadores para garantir a aprovação e assim abrir caminho para concorrer em 2022 a deputado federal. O processo contra Atila pelos supostos desvios - e os R$ 89 mil encontrados na panela de pressão do apartamento do prefeito, além dos mais de R$ 600 mil também atrelados a ele e encontrados na casa de seu então secretário - foi transferido para a Justiça Eleitoral e caminha a passos lentos no tribunal.
Vale lembrar que o tribunal emitiu parecer negativo ao analisar os gastos de 2017, seu primeiro ano à frente do Paço mauaense e a decisão foi revertida no Legislativo.
Em seu voto, do processo de 2018, o conselheiro Sidney Beraldo, relator das contas de Atila, citou diversas irregularidades no balancete, como déficit orçamentário, crescimento das dívidas de curto e longo prazos, além de aplicação insuficiente em educação – o teto constitucional determina investimento de, no mínimo, 25% da receita corrente líquida do município – e de pagamentos baixos de precatórios. “Em que pese o esforço argumentativo (da defesa do prefeito), entendo que existem falhas que comprometem irremediavelmente os presentes demonstrativos”, disse. As dívidas consolidadas (longo prazo) subiram de R$ 970,7 milhões em 2016 para R$ 1,5 bilhão em 2018 – aumento de 11%.
O parecer negativo também atinge a vice-prefeita Alaíde Damo (MDB), que assumiu a chefia do Executivo interinamente em duas ocasiões.