Proposta deve entrar para leitura na próxima terça-feira, quando as sessões presenciais retornam

Paula Cabrera

O pedido de abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de inquérito) para acompanhar os gastos do Hospital de campanha de Mauá ganhou fôlego nesta semana e depende de apenas mais uma assinatura para sair do papel. Os vereadores de oposição Marcelo Oliveira (PT), Adelto Cachorrão (PRB), Fernando Rubinelli (PTB), Professor Betinho (PSL) e Sinvaldo Carteiro (PSL) entraram com a solicitação em abril para fiscalização dos gastos. Seriam necessários oito votos - 1/3 da Casa- para dar andamento ao pedido. Nos bastidores a informação é de que a oposição já teria conquistado sete - além dos que assinam o pedido, Tchacabum (PDT) e Chico do Judô (PSD) teriam topado apoiar a CPI, o oitavo voto buscado seria o do vereador Melão, que teria dados sinais de um possível acordo. Vale lembrar que Gil Miranda (PRB), apesar de integrar a base governista, deve apoiar a eleição de Wagner Rubinelli (PTB) à Prefeitura de Mauá. O partido, aliás, compõe a chapa com a indicação da vice-prefeita, Eliane Vileide Guardabaisso.
A proposta deve ser lida no expediente da Câmara na próxima terça-feira, quando a Câmara retorna os expedientes. A partir dai começa a tramitar para ser incluída na ordem do dia, ainda sem data.

Entenda o caso:
O Gaeco e a Polícia Civil realizaram na manhã desta segunda-feira (15/6) mandatos de busca e apreensão em Mauá por conta de supostas irregularidades nos contratos do hospital de campanha. Foram cumpridos mandatos na casa do prefeito Atila Jacomussi, na Prefeitura de Mauá, além de em cidades como Jundiaí, onde vive o secretário de Saúde Luís Carlos Casarin, Caieiras e São Paulo, onde a OS (Organização Social) Atlantic – Transparência e Apoio à Saúde Pública possui sedes. Na casa do secretário de Saúde teriam sido encontrados R$ 19 mil, supostamente escondidos no ar condicionado.
Segundo o Ministério Público de São Paulo, há indícios de crimes de falsidade ideológica e lavagem de dinheiro na contratação da empresa para a operação do hospital. A organização foi contratada por 90 dias pelo valor de R$ 3,3 milhões, mas opera por um período de apenas 12 horas. Há ainda problemas em relação aos possíveis donos do negócio e suspeita de que o médico Gilberto Alves Ponte Belo seria o responsável pela instituição, que estaria em nome de outra pessoa porque ele teria sido condenado a não contratar com nenhum poder público pelo período de dez anos por problemas em outros contratos.
Em nota sibre a operação a comunicação de Atila negou problemas e afirmou existir perseguição contra sua administração.
"Recebemos com indignação a notícia da ação do Ministério Público na Prefeitura de Mauá. O processo, que deu origem a mesma, foi remetido ao MP em sua integralidade, todas as informações foram esclarecidas e há conversas diárias por vídeoconferência com os promotores. Entendemos como excessiva e desnecessária a iniciativa do Ministério Público. Estamos tranquilos em relação ao desenrolar dos fatos e certos de que demonstraremos, nos autos, a lisura de todo o processo. Salientamos que Mauá está na vanguarda do combate ao Coronavírus, notoriamente com ações eficientes e reconhecidas pela população e pela imprensa".