Pastor Paraíba estava no grupo de risco da doença, mas outro funcionário de 34 anos está internado em estado grave com diagnóstico desconhecido ainda, servidores questionam decisão de Prefeito de não diminuir atividades
Paula Cabrera
A morte de um supervisor da SSU (Secretaria de Serviços Urbanos) causou revolta entre os servidores municipais de Mauá neste domingo (3/5). Apesar de ter sido afastado, Enival Soares da Silva foi vítima de covid-19.
O Pastor Paraíba, como era conhecido, tinha cargo comissionado e responsável por acompanhar funcionários da Frente de trabalho e, segundo outros servidores, era defensor de que os serviços de zeladoria fossem colocados em esquema de urgência, o que permitiria colocar equipes de manutenção em sistema de rodízio e aumentar a segurança dos servidores.
Além da morte do supervisor, um outro funcionário de 34 anos que também acompanhava as equipes de rua teria dado entrada na UPA Vila Assis, foi internado e entubado em estado grave, mas foi transferido para o Hospital Vital. Não há informações oficiais sobre o estado de saúde do funcionário. "Atila (Jacomussi) quer mostrar serviço e não diminuiu as equipes diante dessa pandemia. Com a situação, esses profissionais acabam arriscando à vida, pois estão na linha frente da disseminação da doença", disse uma fonte ouvida pelo JNC, que preferiu não se identificar. A Prefeitura nega omissão e diz que o supervisor havia sido afastado por estar no grupo de risco. A família confirma que ele estava distante das funções no último mês.
Essa não é a primeira denúncia sobre a omissão da Prefeitura diante da segurança de seus funcionários. O JNC divulgou no início do mês passado (9/4) um áudio de um servidor, que teria sido enviado ao sindicato, que afirmava que os profissionais da SSU, responsáveis pelos trâmites do corpo e do enterro, não haviam recebido EPIs para se proteger da situação, como macacões de proteção e máscaras. O servidor questionava ainda que os trabalhadores da Frente de Trabalho, responsáveis pela manutenção da cidade em geral, trabalhavam em condições críticas de trabalho. Uma dessas servidoras, inclusive, estaria afastada por ter contraído o Covid-19 e um coordenador teria morrido. Presidente do Sindserv Mauá (Sindicato dos Servidores), Jesomar Alves Lobo, confirmou a situação. "O coordenador morreu de Covid-19 e a equipe só foi afastada após solicitação do Sindicato. Nenhum dos outros profissionais testou positivo. A equipe também já voltou ao trabalho", confirmou Jesomar.
O Sindserv confirmou ainda que os coveiros do Cemitério Santa Lídia e do Vila Vitória receberam os EPIs (equipamentos de segurança) após denúncia do JNC e pressão do Sindicato. Os vereadores Fernando Rubinelli (PTB) e Adelto Cachorrão (Republicanos) entraram com representação no MP (Ministério Público) pedindo apuração da situação.
Após a denúncia publicada pelo JNC, macacões de proteção, óculos, luvas e máscaras foram entregues aos coveiros e servidores responsáveis pelos trâmites de locomoção dos corpos. "Estamos fazendo ainda um importante trabalho de conscientização, pois muitos só querem usar o equipamento quando são mortes confirmadas por covid-19. Nossa orientação é usar em todos os casos", disse Jesomar.
O presidente disse ainda que o sindicato tem feito diligências frequentes em equipamentos de Saúde para confirmar entrega de materiais aos profissionais da linha de frente no combate ao coronavírus. "Tem sido um trabalho constante, mas estamos aqui para apoiar os servidores neste momento", afirmou.
Em nota, disse "afastamos todos os funcionários públicos que estão no grupo de risco ao novo coronavirus, responsável pela doença da Covid-19. Os servidores remanescentes para os serviços essenciais estão providos de EPIs (equipamentos de proteção individual). Aproveitamos a oportunidade para prestar condolências à família da vítima neste momento difícil".
Fotos das mídias sociais do prefeito mostram que mesmo após decisão do Estado pelo Isolamento, o prefeito ainda seguiria agenda intensa de ações e servidores ainda não teriam equipamentos específicos: