Números do Consórcio Intermunicipal do ABC mostram que contágio está acelerando; Letalidade da região é também a maior do país
Paula Cabrera
Apesar de começar a flexibilização de serviços, a média de novos casos, por dia, no ABC é de 381, segundo dados do Consórcio Intermunicipal do ABC, divulgados diariamente pela instituição. Os números levam em conta a soma diária de notificações das sete cidades da região que mantém, juntas, um índice de isolamento social de 45%. Em 81 dias, desde os três primeiros registros confirmados - dois em São Bernardo e um em São Caetano, em 15 de março, o ABC já registra nesta sexta 9.120 casos e 700 mortes, 32 novas mortes apenas nas últimas 24h. No final de abril, a média era de 120 novos infectados por dia. Desde o dia 17 de maio, essa média acelerou visivelmente, com média de 250 por dia e, na semana passada, a média de novos casos acelerou novamente, para a casa dos 400.
A alta na média semanal de mortes na região - que é a mais alta do país- é de 24% a cada sete dias. Atualmente o ABC tem 668 mortes, até quinta (4/6), média de 7,59% pelo total de casos. Dentre elas, Mauá tem o maior índice de letalidade com 18,6%.
Além de ter cerca de 80% dos leitos de UTI ocupados, na região, existe um aparelho do tipo para cada 2.045 munícipes contando apenas a rede do SUS (Sistema Único de Saúde). Essa é a principal razão pela qual as autoridades apelam pelo isolamento físico, para que a estrutura hospitalar dê conta de atender a demanda.
Os dados foram compilados pela AP (Associated Press) com base nas informações do DataSus, banco de dados do Ministério da Saúde. As sete cidades receberão 70 novos respiradores do Estado, no entanto, a reabertura do comércio pode pressionar ainda mais os serviços públicos e acelerar ainda mais a curva de disseminação e o uso dos serviços públicos de Saúde.
Não existem dados do governo do Estado específicos de respiradores livres, mas os leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) – normalmente equipados com o aparelho – na Grande São Paulo estão com capacidade variando entre 88% e 92% na última semana.
Para muitos especialistas em saúde pública, ainda não atingimos o pico de contágio, que teve início nesta semana e deve durar mais 15 dias.
A decisão de flexibilizar serviços agora pode provocar um cenário de caos ainda neste mês. Nos bastidores, perfeitos já haviam demonstrado temor pela decisão, mas teriam topado a medida por conta da pressão de empresas e da economia regional.