Entidade diz que prefeito teria decretado 'lei da mordaça' e chama servidores para protesto no dia 26 de julho
Paula Cabrera | Foto: Divulgação
O SindSaúde ABC (Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do ABC) divulgou nesta segunda-feira (13/7) uma nota de repúdio à demissão dos profissionais de Saúde de Mauá, noticiado na última semana pelo JNC. No documento, a entidade afirma que quatro servidores do SAMU (Serviço de atendimento Móvel de Urgência) foram demitidos pela administração de Atila Jacomussi (PSB), por telefone, após anunciarem "em live nas redes sociais, as péssimas condições de trabalho a que estão submetidos".
Ainda na nota, o SindSaúde afirma que profissionais do SAMU já haviam participado de encontro com Atila, em abril, para enumerar dificuldades enfrentadas pela categoria por conta de problemas na administração da Saúde Municipal. Entre os principais pontos, estavam a falta de recursos e equipamentos, como máscaras, aventais, EPIs, e mesmo capacetes para os servidores da chamada motolância ou banheiro para que os profissionais possam usar no dia a dia, ou tomar banho antes de ir para casa. "Em plena pandemia, quando a população mais necessita de trabalhadores na linha de frente, no combate ao covid-19, o prefeito prefere demitir e impor a lei da mordaça do que corrigir o que está errado", diz o documento.
O SindSaúde afirma que pediu a imediata recontratação dos profissionais e pede apoio da categoria no ato de protesto programado para o dia 26 de julho, a partir das 8h.
Nos bastidores, a informação é a de que um coordenador do serviço do SAMU já teria entrado em contato com os médicos afirmando que a administração estudava a recontratação e o prazo da análise do pedido sairia ainda nesta terça-feira (14/7), não há informações sobre a questão dos auxiliares demitidos.
Entenda o caso:
Na noite de quarta-feira (8/7), quatro profissionais do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foram desligados após os profissionais participarem de uma live, promovida por um deles, em que debatiam a prestação do serviço durante a pandemia na cidade. A administração do prefeito Atila Jacomussi (PSB) não teria gostado do tom de críticas feitas pelos servidores durante a conversa. Em um certo momento, um enfermeiro e um médico se emocionam ao falar de um amigo que estaria internado por não ter sido afastado das funções, apesar de ser parte do grupo de risco. O servidor sobre o qual os profissionais conversam é o enfermeiro Ronaldo dos Anjos, que faleceu dois dias depois do vídeo, gravado em 1º de julho.
Cleiton Teixeira (enfermeiro do SAMU), Victor Badini Vieira (médico intensivista), Diego Coca (médico intensivista) e Ronaldo José de Oliveira (auxiliar de enfermagem e motoambulância) afirmam ter sido pegos de surpresa com a decisão. A maioria prestava serviço em Mauá há mais de cinco anos. "Durante a live respondemos diversas perguntas sobre o serviço da SAMU e, aparentemente, alguns membros do governo não gostaram", explica Cleiton. Ele é filiado a um partido político e se apresenta como pré-candidato à vereador. A live teve cerca de 1.700 visualizações durante os últimos oito dias.
Chama a atenção o fato de o prefeito afirmar, constantemente, ser alvo de perseguição política e censura. No entanto, a administração parece não pregar a mesma preocupação na função de proteção aos direitos de seus servidores. "Fomos todos dispensados, sem explicação, no meio da pandemia. Nunca imaginei uma situação dessa, afastar profissionais treinados e experientes por questões políticas", disse Cleiton.
O Sindserv (Sindicato dos Servidores de Mauá) diz que ainda apura os fatos.
Uma manifestação foi marcada para o próximo dia 26, a partir das 8h, na Prefeitura de Mauá "contra a opressão, represália e retaliação da gestão Atila". A ideia é apoiar os profissionais e solicitar a imediata recontratação dos profissionais.