Entidade contratada já recebeu R$ 1 milhão para gerenciar equipamento que não está pronto. A ONG é acusada pela Justiça de desviar recursos da Saúde em outras cidades do Brasil

Após denúncia elaborada pelo advogado Juiz João Veríssimo, o Ministério Público de Mauá vai investigar o contrato entre a Prefeitura e a ONG Atlantic, que vai receber R$ 3.239.700,00 para gerenciar o Hospital de Campanha para atender casos suspeitos e infectados pela Covid-19.
Ao pesquisar sobre a empresa, Juiz João teria descoberto que a organização estaria envolvida em um esquema bilionário de corrupção com outras duas empresas – Ocean Serviços Médicos Ltda. e Gamp - Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública, esquema este que é investigado pelo Ministério Público.

O elo entre as corporações é o Dr. Gilberto Alves Pontes Belo, apresentado pelo prefeito Atila Jacomussi como integrante do Comitê de Gerenciamento de Crise do Coronavírus na cidade, ato que agora, a Prefeitura nega.
Gilberto é sócio da Ocean e foi diretor médico da Gamp, acusada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul de realizar um esquema de corrupção na Prefeitura de Canoas com superfaturamento de remédios de até 17.000%. Essa mesma empresa teve o contrato suspenso com a Prefeitura de Parauapebas, no Pará, pelo suposto péssimo serviço prestado.
A Atlantic tem como proprietária Jéssica Alves Pontes Belo e a Ocean também pertence a Jeisson Alves Pontes Belo, aparentemente, familiares de Gilberto.
“Temos presenciado mais um escândalo milionário de corrupção em Mauá. O prefeito contratou uma empresa que é, no mínimo, duvidosa. O endereço em que ela está registrada, por exemplo, é um terreno, um canteiro de obras, na cidade de Caieiras. O gestor público precisa ter responsabilidade e pesquisar a empresa antes de contratar, principalmente nesse estado de emergência, onde é possível contratar sem licitação”, destacou Juiz João.
Na última segunda-feira (13), a Prefeitura publicou o pagamento de R$ 1 milhão para a Atlantic mesmo sem o Hospital estar pronto e, principalmente, sem apresentar um plano de trabalho, uma exigência da legislação.

Montagem do Hospital
A denúncia também traz detalhes sobre o preço pago pelo Executivo da cidade para montagem do Hospital de Campanha. Foram empenhados R$ 665.700,00 para erguer a estrutura de lona que abrigará 30 leitos. Em comparação, na mesma região, Santo André pagou R$ 315.000,00 para estrutura de 126 leitos. A diferença entre os valores é de 700%.

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“Já que o prefeito não explica para a sociedade os motivos dessas diferenças, que ele faça isso na Justiça. O povo de Mauá está cansado de ver a cidade estampada nas páginas policiais e nos Tribunais de Justiça. É um absurdo”, ressaltou João.
Procurada, a Prefeitura de Mauá nega suspostas irregularidades.