Segundo relatos de pacientes ao JNC, orientação seria para testagem apenas em casos graves; medicação também não é entregue no local

Paula Cabrera

Os vereadores Fernando Rubinelli (PTB), Adelto Cachorrão (Republicanos) e Professor Betinho (PSL) entraram com uma representação no MP (Ministério Público) contra o prefeito Atila Jacomussi (PSB) e as atribuições do hospital de campanha de Mauá. Na ação, baseada na denúncia do JNC de falta de testagem em casos mais simples da doença e possível subnotificação de casos, os parlamentares afirmam que o papel desempenhado pela administração no atendimento pode configurar "improbidade administrativa e crime de perigo contra a vida e Saúde de outrem".

Vereadores Fernando Rubinelli, Adelto Cachorrão e Professor Betinho | Foto: Divulgação

Na solicitação, os vereadores pedem que o MP questione a administração municipal sobre o número de testes disponíveis, qual o critério para a realização, por que os pacientes saem do espaço com receita de azitromicina e tamiflu- sua eficácia e determinação em questões de Saúde pública na aplicação contra o covid-19- e porque os pacientes não recebem a medicação no local, conforme anunciado pelo prefeito em mídias sociais. Há ainda questionamentos sobre o fato de os médicos não serem infectologistas e quais as doenças que são colocadas para admitir pacientes em condições de risco.
Na segunda-feira (4/5), o JNC divulgou relatos de usuários do serviço, que apesar de funcionar de portas abertas, não estaria realizando testagem rápida em todos os casos. Médicos ouvidos pelo JNC afirmam que situação pode ocasionar subnotificação de casos. A Prefeitura nega problemas e diz que o local é referência no atendimento.
O JNC teve acesso a pelo menos dez reclamações que demonstram um padrão de informações dos funcionários do local: apenas casos graves são testados. Pacientes com sintomas "leves" seriam encaminhados para casa, com receita de tamiflu e azitromicina, sem receber, sequer auscultamento em consulta. Não seriam feitos exames do pulmão também. Todos sairiam ainda com indicação idêntica de utilização de azitromicina e tamiflu para combater a doença.

Confira a íntegra da resposta da Prefeitura de Mauá

Existem mais de 5 mil testes na rede, e a Prefeitura já adquiriu mais. Estamos priorizando profissionais da saúde, grupos de risco e pessoas sintomáticas de coronavírus. Não há testagem em massa em curso no país ainda.
A rede pública de saúde está com a sua capacidade em 70%, ainda comportando pacientes. Além da parceria público-privada, com o Hospital Vital, com mais 29 leitos, e em negociação com a Santa Casa. O objetivo é seguir o fluxo que engloba, além do Hospital de Campanha, toda a rede, para que, somente no caso de ultrapassarmos a capacidade, o Hospital de Campanha seja usado. Como reiteramos, nosso modelo de fluxo foi extremamente pensado, utilizando toda a rede, um total de 299 leitos, até o momento, sendo UTI, Semi intensivo e retaguarda. 
O Hospital de Campanha de Santo André é referenciado (Porta fechada), só recebe pacientes oriundos de outros serviços, já o de Mauá, é de porta aberta, demanda geral, das 7h às 19h, e referenciado das 19h as 7h, são dois modelos completamente distintos de serviços, conforme mencionamos.