Artista argentino estava com 88 anos e morreu vítima de complicações de um AVC

Das agências

O cartunista argentino Joaquín Salvador Lavado, conhecido como Quino, e popular por ser o criador de Mafalda, morreu nesta quarta-feira (30/9), em Mendoza, sua cidade natal, aos 88 anos, vítima de complicações de um AVC (Acidente vascular cerebral) que sofreu na semana passada.

Quino desenvolveu as aventuras de sua personagem mais popular entre 1964 e 1973, embora as histórias da icônica menina venham sendo publicadas em todo o mundo até hoje.

Aos 88 anos, a figura de Quino já era frágil e vacilante nas últimas aparições públicas, que iam rareando à medida que o glaucoma avançava e lhe tirava a capacidade de fazer o que nascera para fazer: desenhar. Desde 2009, ele se aposentou da atividade que o definiu durante meio século, mas a potência de sua criação nunca cessou.

Carreira

A carreira de Quino começou em 1950, desenhando para publicidade e colaborando com algumas páginas de humor, mas sem grande impacto e ouvindo muitos nãos.

Sua criação mais conhecida, Mafalda foi concebida em 1963 para uma propaganda da linha de produtos Mansfield, da metalúrgica Siam Di Tella. Os produtos nunca chegaram a ser comercializados e a peça publicitária nunca saiu do papel. A personagem, no entanto, ganhou o mundo e se tornou uma das mais ilustres dos quadrinhos.

A inspiração para os traços veio dos cartunistas americanos, especialmente Charles M. Schulz, criador do Snoopy.  Sua publicação parou em 1973 e, desde então, Quino fez apenas algumas tiras para ocasiões especiais.

Apesar de ter durado menos de uma década e ter sido descontinuada há 47 anos, Mafalda conseguiu o que pouquíssimos cartuns foram capazes: comentar no calor dos fatos o cenário político argentino e mundial, e se manter atual e atemporal muitos anos depois.

Mafalda é presença comum até hoje em provas de escola e vestibulares universitários. Embora ela e seus amigos Miguelito, Manolito, Susanita e Felipe sejam apenas crianças, em vez de limitar as temáticas do crescimento, da relação com os pais e da vida escolar, Quino conseguiu inserir nesse ambiente infantojuvenil uma mordaz sátira do mundo contemporâneo. Nas tiras de Quino, quem diria, até mesmo o planeta Terra é um personagem, representado pela alegoria do globo terrestre com quem a protagonista insiste em interagir, conversar e desabafar.