A terceira edição da FLIRP – Feira Literária de Ribeirão Pires, realizada neste fim de semana, reuniu mais de cinco mil pessoas no Paço Municipal. O evento, que se consolidou como um dos maiores do gênero no Estado de São Paulo, prestou homenagem ao escritor Ariano Suassuna e contou com uma programação rica e variada, incluindo mesas de debate, lançamentos de livros e apresentações culturais.

A participação dos estudantes das redes pública e particular foi um dos destaques da feira. A Secretaria de Educação e Cultura de Ribeirão Pires montou uma tenda para expor os trabalhos desenvolvidos ao longo do ano pelos alunos das escolas municipais. Xilogravuras, cordéis e paródias fizeram parte da mostra que encantou os visitantes. “Realizamos formações e encontros com os educadores desde o início do ano letivo, focando no Movimento Armorial de Suassuna e em outras linguagens da arte nacional, o que ampliou o conhecimento das crianças e trouxe lindas peças para a FLIRP”, explicou Tatiane Ribeiro, orientadora educacional.

O Centro Histórico e Literário (CHL) foi palco de sete mesas com autores convidados. Um dos pontos altos da programação aconteceu no domingo (1º), com o debate "A questão indígena na literatura brasileira", mediado por Ricardo Ramos Filho, curador da FLIRP 2024. As escritoras indígenas Cacica Jaqueline Haywã e Trudruá Dorrico discutiram as perspectivas das literaturas macuxi e pataxó. “Nossa literatura traz as subjetividades e as narrativas indígenas, reforçando que estamos presentes na contemporaneidade, produzindo, escrevendo e falando das nossas realidades”, afirmou Trudruá.

O evento também celebrou a diversidade e a inclusão. Tânia Magali Santos, uma pataxó hã hã hãe de Santo André, participou da feira com sua esposa e filho, destacando a importância de ocupar espaços como a FLIRP. "Viemos para marcar a presença dos povos indígenas, das famílias atípicas e homoafetivas. A feira está linda de diversidade e cultura. Estamos muito contentes de estar aqui", disse Tânia.

O Ateliê do Café, próximo ao Paço Municipal, abriu suas portas para lançar obras de escritores locais e do Grande ABC. Entre eles, Larissa Pedro, de 17 anos, que apresentou seu primeiro livro, "Entrelinhas da Minha Alma", realizando um sonho de infância.

As apresentações culturais também foram destaque, com o Palco Suassuna recebendo performances de estudantes, incluindo o coral das escolas E.M. Eng. Carlos Rohm I e E.E. Dom José Gaspar, além de números de teatro e música dos alunos do Colégio Pomar e do ENAU. No domingo, Fabrício Ramos e Passoca se apresentaram, encantando o público.

O Sesc marcou presença com o BiblioSesc e atividades voltadas para o público infantil, como oficinas e brincadeiras lúdicas. A feira também abriu espaço para a Sustentabilidade, com exposições e iniciativas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

A entrada para a FLIRP foi solidária, com cada visitante doando 1kg de alimento não perecível ou 1kg de ração para pets, demonstrando o compromisso da comunidade com causas sociais e ambientais.