Integrantes do partido alegam que sob tutela do deputado federal, verbas teriam sido usadas de maneira irregular

Alex Manente, deputado federal eleito pelo ABC, conhecido por seus discursos anticorrupção, voltou a ser visto no centro de possíveis usos irregulares de recursos partidários. Neste final de semana, o UOL compartilhou uma reportagem em que afirma que o prefeiturável de São Bernardo seria alvo de uma Denúncia feita à PGR (Procuradoria-Geral da República) por integrantes do próprio partido, que relatam que o deputado Alex Manente (SP), líder do Cidadania na Câmara, recebeu verba pública do Cidadania para custear passagem aérea em viagem aos EUA com a esposa. Ele nega irregularidades. O JNC já havia publicado informações sobre o assunto, mas agora, outro relatório, desta vez encaminhado ao partido, aponta suspeitas de irregularidades sob a gestão de Alex Manente como tesoureiro. Segundo documento assinado por integrantes do Conselho Fiscal, R$ 2,9 milhões foram gastos sem finalidade partidária, e R$ 691 mil, pagos a destinatários não identificados.
O grupo quer que as contas do Cidadania sob Manente sejam investigadas. "É esse relatório que ele [Manente] tem que explicar", disse o ex-tesoureiro Régis Cavalcante, atual secretário-geral do Cidadania.
Ao UOL, Manente atribuiu as acusações a uma suposta retaliação
por ele ter cortado gastos e afirma que agora as contas do partido estão em ordem.
Vale lembrar, no entanto, que a viagem feita por Manente e sua esposa segue na mira em Brasilia. Foi o próprio Manente quem autorizou a esposa dele, a psicóloga Mariana Manente, a acompanhá-lo em uma viagem de cinco dias ao Vale do Silício, na Califórnia (EUA), onde visitaram empresas de tecnologia em novembro de 2022.
O líder do Cidadania justificou a presença dela dizendo que Mariana desempenhava a função de coordenadora do núcleo de mulheres do partido no ABC paulista. A denúncia à PGR diz que “Manente recebeu da Câmara valores para passagens aéreas e diárias da viagem aos EUA”.
Integrantes do partido alegam que sob tutela do deputado federal, verbas teriam sido usadas de maneira irregular. O parlamentar de São Bernardo teria viajado para o Vale do Silício em classe executiva com dinheiro público
A viagem de Alex teria custado mais de R$ 20 mil da Câmara para despesas, além dos custos de Mariana. Toda a viagem da esposa de Alex foi paga pelo Cidadania, usando verba pública.
Vale ressaltar ainda que o parlamentar, também tesoureiro nacional do Cidadania, pediu passagens em classe executiva, tanto para ele quanto para Mariana, totalizando R$ 33.012. Pesa ainda sob o deputado a informação de que os bilhetes utilizados na prestação de contas à Câmara foram emitidos pela agência vinculada ao partido e que foram pagos pela sigla, ou seja, as despesas Alex poderiam ter sido cobradas duas vezes em cima do mesmo valor.

O total gasto com verbas públicas, do partido e do Legislativo, na viagem do casal foi de R$ 51,9 mil.

defesa do deputado negou duplicidade de pagamento porque ele mandou a Câmara cancelar os bilhetes pagos pelo Legislativo. A defesa também diz que ele usou o "cotão" para pagar a multa do cancelamento.
Manente mostrou documento em que devolveu meia diária à Câmara. Segundo a Casa, dos R$ 12.928,95 depositados na conta do parlamentar, ele devolveu R$ 1.174,86.
O processo na PGR corre em sigilo.
Essa não teria sido a primeira vez que o deputado está envolvido em polêmicas relacionadas a viagens custeadas por dinheiro público. Em novembro de 2018, ele viajou à França para uma missão oficial e também aproveitou para levar a mulher. O roteiro incluiu Paris e cidades da Côte D’Azur, como Cannes e Nice. Na ocasião, ele disse que Mariana Manente pagou as próprias passagens. A hospedagem dela, porém, foi custeada com verba da Câmara.
O deputado também já entrou na mira por gastos postais. Manente foi o deputado que mais gastou verbas com serviços postais. Os números na época foram divulgados pelo O Estado de São Paulo e o Uol. Em janeiro de 2023, Alex gastou R$ 240 mil em itens como papéis, pastas e boletins, de acordo com duas notas fiscais apresentadas em um único mês e o valor está entre as maiores despesas do tipo feitas em 2022 dentre todos os deputados. Ele alegou, na época, que o gasto se refere ao ano de 2022 e não ao mês de dezembro. Foram comprados 10 mil envelopes, 15 mil cartões de visitas, 3 mil pastas-canguru timbradas, 50 mil unidades de papel timbrado A4 e os já citados 170 mil boletins informativos.
Apesar de seu mandato ter comprado 10 mil envelopes, foram gastos apenas R$ 37,47 com serviços postais até o final de janeiro, o que indica que os envelopes não teriam sido enviados com dinheiro da verba da Câmara, segundo o Estado de S. Paulo.
O JNC não conseguiu fazer contato com o deputado.