Placar mostra que cidade teria número de curados quase idêntico ao de casos notificados ao Estado; especialista diz que números não casam

Paula Cabrera

A Prefeitura de Mauá escancarou que a subnotificação de casos de covid-19 na cidade é uma decisão política da administração do prefeito Atila Jacomussi ( PSB). Desde domingo (9/8), os perfis da Prefeitura de Mauá e do prefeito confirmam que os casos recuperados da doença - ou seja, confirmados pela Saúde municipal- são maiores do que os divulgados pela Prefeitura. No novo boletim, a administração afirma que 3.806 casos teriam sido curados com o auxilio do hospital de campanha e outros 2.018 na rede pública municipal. O número total de casos confirmados na cidade, segundo dados municipais, seria 2.466. Já o governo do Estado confirma 4.222 casos na cidade.
Especialista consultado pelo JNC confirma que os números mostram que a administração dispensou a realização de testes em boa parte dos atendimentos realizados. Para se ter ideia, o governo Atila admite 5.874 notificações na rede municipal, sendo que o total de curados divulgado por ele somaria 5.824 pacientes. "No entanto, o número de casos descartados, por terem testado negativo, somam 2.781. Não faz o menor sentido. Só conseguimos casar os números se levarmos em consideração que eles não estão notificando ao Estado todos os casos acompanhados na cidade", diz o médico generalista Rubens Augusto.
O JNC já havia alertado sobre a possível subnotificação de casos na cidade. A situação, inclusive, gerou uma representação no MP (Ministério Público) dos vereadores Fernando Rubinelli (PTB), Adelto Cachorrão (Republicanos) e Professor Betinho (PSL).
Na ação, baseada na denúncia do JNC de falta de testagem em casos mais simples da doença e possível subnotificação de casos, os parlamentares afirmam que o papel desempenhado pela administração no atendimento pode configurar "improbidade administrativa e crime de perigo contra a vida e Saúde de outrem".
Na solicitação, os vereadores pediam que o MP questionasse a administração municipal sobre o número de testes disponíveis e o critério para a realização. Vale lembrar que Mauá é a cidade do ABC que menos realizou testes entre março e junho. Foram menos de 1.500 no período.

Testes em massa foram solicitação do Estado

O JNC recebeu nesta quinta-feira (13/8) a informação de que a realização do drivethru de exames para os motoristas e motoboys teriai sido uma solicitação direta do governo do Estado que enviou para Mauá 15 mil testes rápidos para serem aplicados na cidade. A informação de bastidor é de que o Estado não estaria satisfeito com os numeros da cidade e teria enviado os exames para garantir que a cidade não ficasse tão atrás na testagem em massa. A Prefeitura de Mauá não se manifestou.