Prefeito de Mauá afirma ter recebido administração com dívida de R$ 165 milhões e trabalhado para conquistar melhorias com o orçamento apertado

Paula Cabrera

O prefeito de Mauá, Marcelo Oliveira (PT), usa a palavra "reconstrução" para definir seu trabalho frente à Prefeitura de Mauá neste primeiro ano. "Agora, Mauá tem governo. E, diferentemente do que ocorria até o ano passado, o governo está de fato preocupado com a cidade e, principalmente, com a população", diz.

Ao JNC, Marcelo lembrou que o ex-prefeito Atila Jacomussi (PSB) deixou R$ 165 milhões de dívidas, sendo R$ 140 milhões de restos a pagar — valor que equivalia a 15% do orçamento estimado da cidade no ano passado, de R$ 1.053 bilhão.

"Quando você passa de um ano para outro, precisa empenhar os valores a serem pagos, para serem honrados em janeiro. Ele não o fez. Isso implica em improbidade administrativa. Ele não empenhou para o resto a pagar não ficar ainda maior. Passamos janeiro tentando acertar essas implicações e daí passamos dos R$ 140 milhões para os R$ 165 milhões", afirma.

Entre os valores não previstos para serem pagos estaria o acordo assinado com o MP (Ministério Público) no ano passado para garantir repasses mensais de R$ 15,1 milhões à Fundação ABC, para manutenção dos serviços de saúde no município. "No meio da maior crise de saúde que já vivemos, ele não deixou previsão para pagar um acordo judicial. Com isso, tivemos todo o cuidado para acompanhar as finanças e fazer um balanço completo das dívidas", explica.

Os valores seriam de contratos não pagos, além de tributos e de indenizações. "Além da falta de políticas públicas, recebemos a Prefeitura com R$ 165 milhões de dívidas com fornecedores, precatórios, INSS e funcionalismo público, entre outros. Há ainda uma série de contratos irregulares que estão emperrando a gestão", diz.

O pior, no entanto, ficou para trás. "Pode perguntar para nossos fornecedores, e eles vão dizer que têm recebido em dia, bem diferente da situação que encontramos aqui quando assumimos. Foi como trocar o pneu com o carro andando", diz.

O prefeito ressaltou que mesmo com as dificuldades financeiras e a herança de uma administração sucateada, Mauá se tornou referência no enfrentamento à Covid. "Ampliamos em 150% o número de leitos exclusivos para tratamento da doença em relação ao governo anterior. Retomamos o atendimento de saúde em oito UBSs (Unidades Básicas de Saúde). Com relação às cirurgias reprimidas, temos a perspectiva de zerar em dezembro. Os programas de saúde estão andando”, conta ele.
Marcelo não esconde que a campanha de vacinação é um dos grandes méritos de seu governo. "Tem gente que ainda tenta desmerecer, mas Mauá possui uma das melhores vacinações do Estado. Temos um recorde, que foi vacinar mais de 10 mil pessoas no mesmo dia, no mesmo local. Não paramos um dia a imunização no município. Fizemos o carro da vacina, estamos com buscativa, abrimos UBSs no fim de semana. Em Mauá, não se vacinou ainda quem não quis. Não posso obrigar ninguém, mas insistir, estamos insistindo", diz.

O chefe do Executivo afirma ainda que, embora a saúde seja o foco, as demais áreas do governo não pararam de trabalhar. Um dos exemplos é a retomada da zeladoria, com destaques para o monitoramento de áreas de risco e as intervenções em leitos de rios e de córregos, com o objetivo de evitar enchentes. “Mauá tem histórico de alagamentos e tragédias causadas pelas fortes chuvas. Neste ano, com o esforço realizado pela nossa gestão, evitamos situações ainda mais complicadas à população e já colocamos a operação guarda-chuva para rodar.”

Com um orçamento projetado por sua equipe e sem tantas dívidas no retrovisor, Marcelo avalia que os próximos anos serão mais tranquilos e a população deverá perceber a cidade como um canteiro de obras. "Vamos administrar para que Mauá volte a crescer,
resgatando o respeito e a autoestima do nosso morador. Nossa cidade voltará a ser motivo de boas notícias", conclui.