No último final de semana, São Paulo se viu envolto em um caos energético que afetou milhões de residências. Após temporais que assolaram várias cidades na sexta-feira, mais de 2,5 milhões de imóveis ficaram às escuras, gerando desconforto, prejuízos e questionamentos sobre a qualidade do serviço prestado pela Enel, empresa que venceu a privatização e levou a Eletropaulo. A maior parte dessas residências, cerca de 84%, está sob a concessão da empresa Enel, que atende a região metropolitana, onde 2,1 milhões de pessoas ficaram sem luz. Essa situação levanta sérias preocupações sobre a capacidade e o comprometimento da Enel em atender às necessidades de seus consumidores.
A previsão da Enel para a total normalização do serviço estendia até a terça-feira, deixando milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade energética por um longo período e mesmo após o prazo, mais de 14 mil pessoas seguiam no escuro. Mas o que chama a atenção, além da demora na resolução do problema, são as declarações do presidente da empresa, Nicola Cotugno, que, em vez de assumir responsabilidades, preferiu apontar o dedo para fatores climáticos. É inegável que eventos climáticos extremos podem desafiar as infraestruturas elétricas, mas é igualmente inegável que a Enel tem suas próprias falhas a reconhecer. Uma investigação mais profunda sobre a Enel e sua gestão revela que, desde a privatização da Eletropaulo em 2018, a empresa italiana cortou 35% de seus funcionários e dobrou seus lucros. A busca desenfreada por aumentar os ganhos em detrimento de um serviço de qualidade é uma prática que prejudica diretamente os consumidores. Cortar os gastos às custas da segurança e confiabilidade no fornecimento de energia não é apenas irresponsável, mas também injusto para aqueles que dependem dessa energia para suas necessidades diárias.
A Enel deve entender que a prestação de serviços essenciais, como o fornecimento de energia elétrica, requer investimentos substanciais em manutenção, infraestrutura e pessoal qualificado. É inadmissível que a empresa continue a sacrificar a qualidade em busca de lucros recordes. Os consumidores paulistas merecem um tratamento melhor.