Kiko se negou a abdicar da candidatura e decisão dispersou aliança e colocou clima de guerra na coligação

Paula Cabrera

A decisão do prefeito de Ribeirão Pires, Adler Kiko Teixeira ( PSDB), de não desistir da candidatura mesmo com todas as derrotas judicias entornou o caldo da coligação e rachou alianças. A expectativa de aliados era a de que o tucano abdicasse da disputa e indicasse seu vice, Gabriel Roncon (PTB), para assumir a cabeça de chapa ou indicasse Luiz Carlos Grecco (PSDB) para ocupar seu lugar. Em reuniões internas feitas durante todo o dia de ontem, no entanto, Kiko foi irredutível em afirmar que reverterá a decisão e poderá disputar as eleições.
Em uma reunião feita no final da noite de ontem com Gabriel e com seu pai, Kiko voltou a rejeitar o pedido e os ânimos se exaltaram. Kiko teria sido acusado, inclusive, de trair o projeto em benefício pessoal. Mesmo sua esposa, Flávia Dotto, teria sido voto vencido. O prazo para trocar os candidatos terminou ontem (26/10), as 23h59. Kiko aguarda manifestação do colegiado do STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar suspensão do prazo de inelegibilidade. Na decisão monocrática do ministro Ricardo Lewandoskwki, no entanto, o prefeito já teve seu pedido indeferido.
O prefeito protocolou ontem documento em que solicitava maior prazo para possíveis modificações na chapa, já que aguardava decisão do STF. Ainda não há manifestação da Justiça Eleitoral sobre o assunto.
Com o racha entre Kiko e Roncon, aliados do prefeito e  de seu vice chegaram a trocar socos na manhã desta terça-feira (27/10), tornando ainda mais clara a confirmação de que o projeto político sofreu traumas severos com a decisão unilateral do tucano. Cezar de Carvalho, vice-presidente do PSDB teria se envolvido diretamente numa richa com João Mancuso, ex-secretário de Kiko e atual assessor do vereador de SP, Mario Covas Neto (Podemos). Mancuso é presidente municipal do Podemos, e durante a discussão, teria empurrado Carvalho, que irritado teria lhe infligido socos no rosto.
O clima de derrota também já começa a ganhar a militância e comissionados da Prefeitura e deve ditar as próximas semanas de disputa eleitoral. Como não conseguiu o deferimento da candidatura, os votos para Kiko não deverão ser computados pela Justiça Eleitoral.

Entenda o caso
Kiko está inelegível pois foi condenado, em 2018, por contratar o filho de um secretário para um cargo comissionado e, posteriormente,  fraudar uma licitação enquanto era prefeito de Rio Grande da Serra para que essa pessoa fosse terceirizada na mesma função e pudesse manter o cargo. O caso já foi julgado em duas instâncias com a condenação de Kiko por improbidade administrativa. O prefeito entrou com pelo menos cinco pedidos para reverter a situação e teve quatro negados.