Sindicato de professores abriu canal para denúncias e diretores dizem estar confusos com decisão

Paula Cabrera

Uma portaria da Secretaria Estadual da Saúde, divulgad na sexta-feira (18/2) está causando alvoroço na educação e confundindo educadores.Segundo a nota as escolas devem ser fechadas após dois casos de covid-19 se as pessoas tenham frequentado, por exemplo, o mesmo refeitório.
Para professores, a medida sentencia o fechamento de colégios em larga escala, tanto particulares quanto municipais e estaduais, pois os casos de covid ainda não estão completamente controlados. "Na semana passada, tivemos dois irmãos com covid-19. A gente fica sem saber como agir agora", contou uma diretora de uma escola de Mauá ouvida pelo JNC.
Após a repercussão no final de semana, a Secretaria de Saúde afirmou que a escola deve seguir aberta, mas o ambiente deve ser fechado. Ou seja, a sala onde ocorreu o surto deve ficar isolada, sem aulas, por cinco dias, de acordo com a determinação de isolamento do Estado.
A medida foi duramente criticada pelo secretário estadual da Educação, Rossieli Soares. “Infelizmente gostaria de ter participado desse debate porque todas as pesquisas mostram que escola é um lugar seguro e não há o mesmo tipo de restrição a outros lugares. As crianças são as mais prejudicadas, já há um prejuízo grande na aprendizagem, na alfabetização”, completa.
O documento publicado na sexta-feira no Diário Oficial afirma que as decisões foram tomadas na quinta-feira, 17, na 319ª reunião da Comissão Intergestores Bipartite do Estado de São Paulo (CIB/SP). A definição de surto dada pela nota é a “ocorrência de dois ou mais casos suspeitos ou confirmados que tenham relação entre si e sinais e sintomas semelhantes em uma mesma instituição e em período de tempo de até 14 dias”. 
Entre as possibilidades de contato dessas duas pessoas foram incluídos os refeitórios, frequentados por todos os alunos de uma escola pública, por exemplo, sem máscara e/ou ventilação. Há ainda a possibilidade de terem usado o mesmo veículo, a mesma casa ou terem tido contato a menos de 1 metro de distância, por mais de 15 minutos, sem máscara ou com ela utilizada de forma inadequada.
Para o dirigente da Apeoesp (Sindicato dos Professores) em Mauá, André Sapanos, há uma corrente para abafar os casos de infecção e, assim, não fechar as salas. "Sabemos que as escolas estão recebendo uma grande pressão e muitas não notificam a situação exatamente para evitar o fechamento das escolas. Há casos como o da Marli Raia Reis, em Ribeirão, mas lá foi porque a professora estava com covid e fecharam a sala após os pais fazerem pressão na Vigilância Sanitária. A APEOESP está abrindo um canal para receber essas denúncias e auxiliar professores, porque até aqui, o que vemos é uma subnotifificação dos casos", diz ele.
Para denunciar os casos, a Apesoesp abriu o canal online //www.apeoespcadastro.org.br/APW30/w_enquetes/enquete.php?id=321
Associação Brasileira das Escolas Particulares (Abepar) informou que "analisou, preliminarmente, e entende que, apesar de estar no Diário Oficial, essas normas não são de cumprimento imediato e obrigatório pelas escolas" e que ainda vai analisar os procedimentos sugeridos com especialistas da Saúde. Hospitais que assessoram escolas tem recomendado afastar salas apenas depois de dois casos de covid e só em situações graves de surtos a escola toda seria fechada.