
Paula Cabrera
A entrega do Grêmio à Prefeitura de Mauá tem causado a ira dos prestadores de serviços e de alguns sócios do clube. Em vídeos nas redes sociais, sócios remidos e usuários da academia reclamam da falta de manutenção do clube. "Alô Prefeitura, queríamos dizer que a academia do Grêmio segue funcionando. Estamos abertos das 6h às 22h, mas não podemos usar a piscina porque ela está verde. Uma vergonha", diz Edmilson Oliveira, que hoje é responsável pela academia do Grêmio.
A Câmara de Mauá aprovou no fim do ano passado a devolução da área municipal cedida ao Grêmio Mauaense para transformar o espaço na FIEC (Fábrica Integrada de Educação e Cultura) Parque São Vicente. Segundo a Prefeitura o pedido para que ela assumisse a agremiação partiu da atual direção. Edmilson afirma, no entanto, que a direção não consultou sócios. "Está semana os remidos estarão se reunindo para mover uma ação coletiva contra o Presidente do Grêmio pois ele não comunicou e nem fez assembleia para a entrega do clube", diz ele.
O presidente do Grêmio, Marco Antônio Capuano, o Quinho, afirma que a solicitação para que a Prefeitura retomasse a área – cedida ate 2036- foi realmente uma solicitação da direção, feita após longas conversas. “Temos hoje cerca de 5 mil sócios, mas eles já não precisam mais pagar mensalidades. Pagantes, temos cerca de 50 e a manutenção é muito cara. Resolvemos entregar o espaço porque nos foi assegurado que nossos associados nao perderão em nada com essa parceria”, disse Quinho. Segundo ele, os custos de manutenção mensal são de cerca de R$ 50 mil, enquanto o caixa fecha mensalmente em R$ 12 mil.
Sobre os vídeos, Quinho minimizou a situação. "A área já pertence a Prefeitura, que está contratando empresas para as obras. A informação que tenho é a de que na próxima semana já haverá pessoal da Prefeitura no local. A maioria dessas pessoas no vídeo, aliás, não é sócio. Os que são, estão inadimplentes há um bom tempo", afirma ele, que explica que as manutenções não podem ser mais feitas pela direção por tratar-se de um espaço municipal.
Quinho nega também irregularidades na entrega da área ou qualquer problema aos prestadores de serviços que atuam no Grêmio, como Edmilson. "O prefeito de Mauá Atila Jacomussi (PSB) fez uma reunião com todos e confirmou que não vai mexer na academia. Ela seguirá funcionando normalmente, sob cuidado do contrato com terceiros", diz.
INSEGURANÇA
Edmilson afirma que sua academia funciona há quatro anos no espaço e a insegurança sobre as mudanças ainda o atormentam. "Toda a manutenção e os equipamentos da academia são meus. Não sabemos muito bem como funcionará na prática essa entrega. Por exemplo, o FIEC nao tem academia. O bar da piscina vende bebidas alcoólicas, essas permissões vão mudar?”, questiona ele que afirma que os sócios pediram uma reunião com a Prefeitura para resolver os problemas. "As piscinas estão sujas e cheias de pernilongos. Acho que faremos uma vaquinha para comprar plástico preto e cobrir e depois avisar a vigilância sanitária antes que apareça dengue", diz Edmilson.
Procurada, a Prefeitura de Mauá não se manifestou até o fechamento desta matéria.