Ao JNC administrações creditaram equívoco a plataformas de dados dos governos estadual e federal

Paula Cabrera

As prefeituras do ABC negaram irregularidades na aplicação de vacinas contra a covid-19 na região. Segundo matéria publicada nesta sexta-feira (2/7) na Folha de São Paulo, 46 munícipes de seis das sete cidades teriam recebido vacinas vencidas entre os meses de abril e maio deste ano. Segundo a reportagem do jornal, mais de 26 mil brasileiros teriam sido imunizados com doses fora da data de validade, desses 996 teriam ocorrido no Estado de São Paulo.
As administrações argumentam que o erro notificado pela Folha de São Paulo aconteceu por supostos problemas ao subir os dados no site VaciVida, do Governo estadual e tambem no aplicativo do governo federal conectsus, responsável por alimentar as informações da vacinação no Brasil.
Com 16 notificações sobre possível irregularidade, São Bernardo informou que não houve problemas na vacinação. Segundo a Prefeitura "nenhuma vacina fora do vencimento foi aplicada na cidade".
Mauá, que aparece em segundo lugar com 14 doses aplicadas fora do vencimento diz que "dos lotes considerados suspeitos, o município recebeu apenas o 4120Z005, em 26 de janeiro deste ano. Essas vacinas tinham prazo de validade até 14 de abril. Todas as doses foram aplicadas até 5 de março, portanto, um mês e nove dias antes do vencimento.  A Prefeitura de Mauá esclarece que o engano deve ter ocorrido em razão de problemas no lançamento de dados no sistema do VaciVida, do governo estadual. As datas de registro da vacinação de apenas 15 moradores (os que teriam sido imunizados com doses vencidas) ocorreu posteriormente à aplicação das doses, quando as vacinas já teriam passado do prazo de validade."
A Prefeitura de Santo André, por meio da Secretaria de Saúde, informou que a cidade não aplicou nenhuma vacina vencida. "O município recebeu apenas vacinas do lote 4120Z005 da AstraZeneca com vencimento em 14 de abril e todas as doses deste lote foram aplicadas em tempo oportuno, ou seja, dentro do prazo de validade."
Diadema informou que não há na cidade doses armazenadas fora da data de validade. Sobre as três doses aplicadas em unidades da cidade e que aparecem no sistema de consulta, trata-se de erro de digitação e, já foi providenciada a correção no sistema. "As doses recebidas no município foram todas aplicadas dentro do prazo de validade", concluiu a nota.
A Prefeitura de São Caetano afirmou que não aplicou nenhuma dose de vacina fora do prazo de validade. Segundo o comunicado, a cidade recebeu apenas um dos lotes em questão: 4120Z005, no dia 26 de janeiro. Foi o primeiro lote de Covishield (Astrazeneca) que o município recebeu, com 3.700 doses e vencimento no dia 14 de abril. "Foram utilizados para vacinar profissionais da Saúde e parte do primeiro público alvo de idosos, entre janeiro e fevereiro", afirma comunicado.
A Prefeitura de Ribeirão Pires também reiterou, em nota, que não aplicou nenhuma vacina vencida em munícipes da cidade. "Recebemos no dia 26/01/2021 o lote 4120Z005 da vacina Astrazeneca com vencimento em 14/04/2021 e destinamos ao público dos profissionais da Saúde durante o mês de fevereiro. Ou seja: Nenhum cidadão ribeirãopirense recebeu a imunização com o lote vencido", afirmou.
A Secretaria de Estado da Saúde informou que 4.772 registros, em 315 municípios, sugerem aplicações dos imunizantes da AstraZeneca após o vencimento. Ainda segundo a nota, "a pasta está informando as prefeituras, que são as responsáveis pela aplicação das vacinas, para realizar busca ativa desta população. Cada prefeitura pode consultar os dados da sua cidade no VaciVida e identificar o munícipe que eventualmente tenha recebido uma vacina vencida. Caso seja uma situação de erro de digitação do lote ou de data de aplicação, os municípios também podem realizar a correção na plataforma. Se constatada a aplicação de uma vacina fora da validade, o caso deve ser avaliado individualmente para definição da conduta apropriada definida pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações). Quem tiver dúvida com relação a validade do imunizante da Astrazeneca que recebeu deve procurar a unidade de saúde em que foi vacinada. Além disso, se o cidadão identificar uma data ou lote divergente da carteirinha em papel em relação ao digital, deve procurar o serviço municipal para emissão de um novo documento impresso."

NOTA DA REDAÇÃO
A repórter Paula Cabrera teve problemas com o registro de sua imunização no aplicativo conectsus. Nesta quinta-feira (1/7), a repórter compareceu ao posto de saúde com seus documentos e solicitou a inclusão das informações no app do governo federal. Com isso, a reportagem pôde acompanhar como é feita a alimentação dos dados no site do SUS (Sistema Único de Saúde). Tudo é feito manualmente pelo profissional da UBS, que preenche CPF, data da imunização e digita o número do lote. Na ocasião, a reportagem notou que o computador guarda em cachê informações já relatadas anteriormente- o lote da dose aplicada na repórter era um em dezenas oferecidos pelo programa de computador- o que pode tornar comum o erro na validação do lote, assim como no registro da data de imunização.
Com as informações sobre os possíveis problemas, a reportagem buscou a data de validade do lote de seu imunizante direto no site do Governo Federal. A informação está disponível no link. É preciso procurar manualmente pelo lote. A repórter se imunizou no dia 27 de maio, e seu lote estava disponível no link da 17 fase de vacinação (que equivale a uma entrega a cada 10 dias desde o dia 17 de janeiro, quando a imunização teve início no país).

Confira a íntegra das notas, de acordo com doses aplicadas por cidade:

ESTADO DE SÃO PAULO
A Secretaria de Estado da Saúde informa que todos os lotes foram distribuídos dentro do prazo de validade. A pasta orienta os municípios sobre a aplicação da vacinação contra a COVID-19 e a importância da verificação da data de validade antes do uso do frasco de uma vacina, inclusive com documentos técnicos com todas as condutas necessárias.

Por meio da plataforma VaciVida, sistema online que permite o monitoramento dos vacinados, a Secretaria de Estado identificou 4.772 registros em 315 municípios que sugerem aplicações dos imunizantes da AstraZeneca após o vencimento. A pasta está informando as prefeituras, que são as responsáveis pela aplicação das vacinas, para realizar busca ativa desta população. Cada prefeitura pode consultar os dados da sua cidade no VaciVida e identificar o munícipe que eventualmente tenha recebido uma vacina vencida. Caso seja uma situação de erro de digitação do lote ou de data de aplicação, os municípios também podem realizar a correção na plataforma.

Se constatada a aplicação de uma vacina fora da validade, o caso deve ser avaliado individualmente para definição da conduta apropriada definida pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações). Quem tiver dúvida com relação a validade do imunizante da Astrazeneca que recebeu deve procurar a unidade de saúde em que foi vacinada. Além disso, se o cidadão identificar uma data ou lote divergente da carteirinha em papel em relação ao digital, deve procurar o serviço municipal para emissão de um novo documento impresso.

SÃO BERNARDO (possíveis 16 doses)
A Prefeitura de São Bernardo, por meio da Secretaria de Saúde, informa que nenhuma vacina fora da data de vencimento foi aplicada na cidade.

MAUÁ (14 doses)
Diferentemente do divulgado nesta sexta-feira (02/07) pelo jornal 'Folha de S.Paulo' e replicado por outros meios de comunicação, Mauá não aplicou vacinas vencidas contra a Covid.
Dos lotes considerados suspeitos, o município recebeu apenas o 4120Z005, em 26 de janeiro deste ano. Essas vacinas tinham prazo de validade até 14 de abril. Todas as doses foram aplicadas até 5 de março, portanto, nove dias antes do vencimento.
A Prefeitura de Mauá esclarece que o engano deve ter ocorrido em razão de problemas no lançamento de dados no sistema do VaciVida, do governo estadual.
As datas de registro da vacinação de apenas 15 moradores (os que teriam sido imunizados com doses vencidas) ocorreu posteriormente à aplicação das doses, quando as vacinas já teriam passado do prazo de validade.
A Secretaria Municipal de Saúde está levantando as informações para identificar o o ocorrido no lançamento das vacinas no sistema estadual.
Segundo a reportagem publicada pela Folha, milhares de cidades no país teriam aplicado vacinas vencidas. O Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) e o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) divulgaram nota oficial conjunta sobre as informações publicadas (//www.conasems.org.br/nota-conjunta-conass-e-conasems-aplicacao-de-doses-vencidas-da-astrazeneca-friocruz/).
Todo o processo de imunização contra a Covid em Mauá é altamente controlado, e um dos critérios para que as vacinas sejam aplicadas é exatamente o prazo de validade das mesmas. A Prefeitura de Mauá preza pela vida dos munícipes e trabalha com responsabilidade.
Mauá aplicou 210.691 vacinas até essa sexta-feira, 2 de julho - 166.661 (primeira dose), 43.919 (segunda) e 111 (dose única). Além disso, foi uma das poucas cidades a não interromper a vacinação, mesmo antecipando a imunização a grupos prioritários e a novas faixas etárias.
A cobertura vacinal das primeiras doses alcançou nesta sexta-feira 49% da população com 18 anos ou mais e aptas a serem imunizadas.
A partir da terça-feira (06/07), Mauá inicia a vacinação ao público de 38 anos.

SANTO ANDRÉ (11 doses)
A Prefeitura de Santo André, por meio da Secretaria de Saúde, informa que a cidade não aplicou nenhuma vacina vencida. O município recebeu apenas vacinas do lote 4120Z005 da AstraZeneca com vencimento em 14 de abril e todas as doses deste lote foram aplicadas em tempo oportuno, ou seja, dentro do prazo de validade.

DIADEMA (3 doses)
Em relação à matéria publicada nesta sexta-feira (2/7), no jornal Folha de S. Paulo, sobre denúncia de que milhares de brasileiros teriam tomado a vacina contra a covid-19 vencida, a Prefeitura de Diadema, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), tranquiliza os moradores de que não há na cidade doses armazenadas fora da data de validade. 
Sobre as três doses aplicadas em unidades de Diadema que aparecem no sistema de consulta disponibilizado ao leitor, trata-se de erro de digitação e já foi providenciada a correção no sistema. As doses recebidas no município foram todas aplicadas dentro do prazo de validade. 

Segurança do paciente 

É importante lembrar que o usuário, ao ser vacinado, recebe um cartão de vacinação onde são anotadas as informações sobre a vacina aplicada, como Lote e Fabricante. E, em caso de dúvida, ele pode sempre recorrer ao cartão para consultar as informações da dose que recebeu. 
Na matéria referida acima são citados os seguintes lotes: 
4120Z001, com vencimento em 29 de março; 
4120Z004, com vencimento em 13 de abril; 
4120Z005, com vencimento em 14 de abril; 
CTMAV505, com vencimento em 31 de maio; 
CTMAV506, com vencimento em 31 de maio; 
CTMAV520, com vencimento em 31 de maio; 
e 4120Z025, com vencimento em 4 de junho.
Em caso de alguma dúvida, saiba que os profissionais das unidades estão preparados para esclarecer todas as questões relacionadas à Campanha Municipal de Vacinação. 
Importante citar ainda que Diadema tem uma campanha de comunicação institucional intitulada “Segurança na vacina”, com dicas para usuários e profissionais da saúde sobre a vacinação. 
No material destinado aos profissionais e que fica fixado na sala de vacina, temos cinco dicas para uma vacinação segura levando em consideração os seguintes pontos: Paciente Certo, Vacina Certa, Momento Certo, Dose e via corretas e Preparo Certo.
Já no material dos usuários são fornecidas informações que o usuário deve se atentar ao tomar a vacina para que o processo seja seguro e que ele saia do posto de vacinação sem dúvidas e com todas as informações esclarecidas. 

RIBEIRÃO PIRES (1 dose)
A Prefeitura de Ribeirão Pires esclarece que não aplicou nenhuma vacina vencida em Munícipes da cidade. Recebemos no dia 26/01/2021 o lote 4120Z005 da vacina Astrazeneca com vencimento em 14/04/2021 e destinamos ao público dos profissionais da Saúde durante o mês de fevereiro. Ou seja: Nenhum cidadão ribeirãopirense recebeu a imunização com o lote vencido.
“Ribeirão Pires é exemplo na imunização. A população pode ficar tranquila, que todas doses recebidas são destinadas  à imediatamente à população, por isso, não aplicamos nenhuma dose vencida”, tranquilizou Audrei Rocha, Secretário Municipal de Saúde
Referente aos demais lotes, a Prefeitura declara que não houve fornecimento ao Município.

SÃO CAETANO (1 dose)
São Caetano não aplicou nenhuma dose de vacina fora do prazo de validade.
A cidade recebeu apenas um dos lotes em questão: 4120Z005, no dia 26 de janeiro. Foi o primeiro lote de Covishield (Astrazeneca) que a cidade recebeu, com 3.700 doses e vencimento no dia 14 de abril. Foram utilizados para vacinar profissionais da Saúde e parte do primeiro público alvo de idosos, entre janeiro e fevereiro.

CONFIRA OS LOTES COM POSSÍVEIS PROBLEMAS