Paula Cabrera

A vida não tem sido das mais fáceis para Manoel Eugênio de Oliveira Júnior, o Juninho, de 31 anos. Aos 20 anos ele sofreu um acidente e ficou paraplégico e, desde então, tem se empenhado em tornar a tragédia apenas parte da sua história. Para isso, o Mauaense, morador do Jardim Feital, dedica sua vida ao paraculturismo, modalidade do fisioculturismo, voltada para pessoas com dificuldades de locomoção. Hoje, ele ostenta três títulos de campeão paulista e dois de campeão brasileiro.
Apaixonado por esportes desde sempre, ele conta que era patinador, professor de dança e bastante adorava academia já em 2008, quando sofreu um acidente de moto e quebrou duas vértebras. Após passar por fisioterapias e tratamentos, ele questionou se poderia praticar levantamento de pesos, o que foi autorizado. A paixão ficou cada vez maior. "Treino hoje na Academia Milagres, no Feital. Ela é bastante acessível e há outras pessoas com limitações físicas treinando lá também. Estou lá há seis anos e competindo há quatro anos", conta.
Juninho esteve em cinco competições. Ano passado se sagrou profissional pela Federação Paulista de Fisioculturismo, mesmo assim, não conseguiu patrocínios para auxiliar na longa jornada de preparo do esporte. "É muito difícil. Há um preparo muito específico de dietas, suplementação. Cerca de três meses de preparação até o evento. Levo mais o nome da cidade e do Estado. A grana não compensa, faço pelo esporte", diz.
Juninho treina de segunda à sexta-feira, duas horas por dia. Para se locomover entre a casa e a academia, depende de auxílio da família e amigos, pois não possui automóvel e a acessibilidade no bairro é nula. "Adaptei a casa, mas fora dela, convivo com as dificuldades de todo o cadeirante. Há muito pouca acessibilidade", diz.

Sobre o esporte, ele conta que a preparação demanda tempo, mas é sempre uma emoção. "Nos dias da competição o preparo é intenso. Preciso desidratar, tirar sódio. Deixo de tomar água un dia antes. A dieta muda. Mexe em carbo, joga proteína. A competição é
Pose compulsória e apresentação. Normalmente fazemos pintura corporal e esperamos as avaliações", diz.
O esporte leva em conta a harmonia corporal. No Culturismo, os atletas devem treinar para desenvolver todos os grupos musculares, a fim de obter o máximo volume muscular, mas de forma equilibrada e harmoniosa. "São três meses de preparo para meia hora de apresentação. Mas é o momento mais feliz da minha vida", diz Juninho.
Nesta semana, o vereador Sinvaldo Carteiro (DC) propôs uma moção de aplausos ao atleta e falou da garra dele em alcançar resultados sem parcerias e apoios. "Qualquer esporte é um desafio, mas ser atleta de um esporte pouco difundido e dependendo de acessibilidade, mostra a pessoa e o profissional atleta que o Juninho é. Motivo de orgulho para toda nossa cidade", disse ele, apoiado pelos outros 22 vereadores.