Cidade diz que não recebe repasse de medicamentos do governo do Estado há dez dias e não conseguiu fazer a compra por verba própria

Paula Cabrera

A Prefeitura de Mauá confirmou que a cidade possui atualmente estoque para intubação de pacientes para apenas mais dois ou três dias. Segundo a administração municipal, os kits são repassados pelo governo do Estado e a última entrega aconteceu há cerca de dez dias. Com a alta demanda em todo o país, a Prefeitura afirma ainda não ter conseguido fazer a compra por meio de verba própria.
"Temos kit intubação para aproximadamente 2-3 dias. Não estamos encontrando os medicamentos no mercado para compra. Há 10 dias recebemos um pequeno lote vindo do governo do Estado, desde então não recebemos mais", afirmou em nota. 
Falta, principalmente, os medicamentos  midazolan, rocuronio e propofol - destinados a sedação e bloqueio muscular dos pacientes e usados durante todo o período de entubação.
Segundo a administração municipal, houve um crescimento de 50% na necessidade destes medicamentos na cidade por conta do aumento no número de leitos e, assim, maior demanda municipal. "O consumo de medicamentos aumentou porque ampliamos em 150% o número de leitos de UTI COVID desde janeiro deste ano."

Mesmo hospitais particulares da cidade enfrentariam problemas de reposição dos medicamentos por conta da alta demanda em todo o país.
Nesta quinta-feira, o governador João Doria (PSDB) usou as mídias sociais para cobrar o Ministério da Saúde sobre os repasses. Segundo ele, nove ofícios foram enviados à Pasta solicitando o envio das medicações e não foram respondidos. De acordo com o tucano, o governo estadual negocia com empresas de fora do Brasil a entrega.
Pelo menos mais duas cidades do ABC informaram que os estoques de medicamentos para entubação é suficiente para apenas dez dias ou menos. São Bernardo disse que recebeu na última semana uma nova remessa , porém, com o aumento de leitos e de casos de internação na cidade no último mês houve consumo 60% superior desses insumos.
São Caetano relatou que há estoque aproximado para sete dias dos medicamentos.
O Ministério da Saúde informou que aguarda para esta quinta-feira a chega de 2,3 milhões de medicamentos para entubação. Segundo o governo federal, os insumos foram doados por um grupo de empresas formado pela Petrobras, Vale, Engie, Itaú Unibanco, Klabin e Raízen. Os medicamentos saíram da China ontem. “Assim que chegarem ao Brasil serão distribuídos imediatamente aos Estados com estoques críticos dos insumos”, relatou, em nota, a pasta.