Paula Cabrera

A Câmara de Mauá aprovou nesta quinta-feira (12/12) um projeto de lei que retoma uma área municipal cedida ao Grêmio Mauaense para transformar o espaço na FIEC (Fábrica Integrada de Educação e Cultura) Parque São Vicente. Segundo a base governista e o secretário de Governo, Paulo Sérgio Pereira, a solicitação para que a Prefeitura assumisse a agremiação partiu da atual direção. "Caso aprovado aqui o projeto, vamos firmar um termo para que sejam definidos o uso do local e escolhida uma empresa para fazer a gestão do espaço", diz Paulo.
A decisão causou espanto geral na Câmara. O Grêmio completa neste ano 38 anos e é um dos clubes mais tradicionais da cidade. O atual presidente do Grêmio, Marco Antônio Capuano, o Quinho. afirma que a solicitação para que a Prefeitura retomasse a área - cedida ate 2036- foi realmente uma solicitação da direção, feita após longas conversas com antigos presidentes, como o ex-prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi, presidente fundador do Grêmio. "Temos hoje cerca de 5 mil sócios, mas eles já não precisam mais pagar mensalidades. Pagantes, temos cerca de 50 e a manutenção é muito cara. Resolvemos entregar o espaço porque nos foi assegurado que nossos associados nao perderão em nada com essa parceria", disse Quinho. Segundo ele, os custos de manutenção mensal são de cerca de R$ 50 mil, enquanto o caixa fecha mensalmente em R$ 12 mil.
Volpi confirmou que foi sondado por Quinho para opinar sobre o negócio. "Acredito ser a melhor decisão. Devolver o local à Prefeitura e manter e conservar esse patrimônio que é de todos os mauaenses", afirmou.
Na Câmara, a votação causou muitas manifestações entre os vereadores, mas foi aprovada. "Se o próprio Grêmio solicita essa devolução, vamos acatar. Mas os sócios devem ficar atentos ao Estatuto e fazer valer seus direitos", disse o vereador Manoel Lopes (DEM).
A mudança também tem causado insegurança aos prestadores de serviços da associação. Edmilson Oliveira, que hoje é responsável pela academia do Grêmio, diz que deve sentar apenas na próxima semana para entender como a mudança afetará suas atividades. "Estou aqui há quatro anos. Toda a manutenção e os equipamentos da academia são meus. Não sabemos muito bem como funcionará na prática essa entrega. Por exemplo, o FIEC nao tem academia. O bar da piscina vende bebidas alcoólicas, essas permissões vão mudar?", questiona ele.
O presidente do Grêmio, no entanto, minimiza a situação. "A academia seguirá funcionando e haverá melhora dos espaços que serão revitalizados. Nada muda aos sócios, exceto que não haverá mais cobrança de manutenção e o espaço deverá receber mais movimento", afirmou.
Segundo ele, o Grêmio seguirá também com as escolinhas de futebol e a forte tradição do time. "Conversei pessoalmente com o Atila (Jacomussi) e ele me mostrou a carteirinha de sócio e fez questão de frisar que vai manter nossa tradição."