Paula Cabrera

A Prefeitura de Mauá confirmou na noite dessa quinta-feira (9/4) as primeiras duas mortes por Covid-19 ocorridas na cidade. Segundo a administração trata-se de dois homens, um de 84 anos e outro de 58, que já possuíam histórico de problemas de saúde anteriores. A administração também não divulgou o bairro em que viviam as vitimas ou se foram atendidos em hospital público ou particular. As datas das mortes também não foram confirmadas, já que é possível que elas tenham aguardado confirmação do instituto Adolfo Lutz por mais de 15 dias, prazo médio dado pelo governo do Estado.
A cidade possui ainda 27 casos confirmados. Três a mais do que ontem (8/4). São 610 suspeitos que aguardam ainda resultados de exames.

Números podem subir ainda mais
Apesar de ter confirmado duas mortes, o número de casos de suspeitas de óbitos por coronavírus pode ser ainda maior. Um servidor do Santa Lídia confirmou ao JNC na tarde de hoje que o cemitério estaria recebendo um grande número de enterros de pessoas com mortes suspeitas de covid-19. Apesar de não ter dados sobre números absolutos, o profissional confirmou que nesta sexta foram dois enterros de mortes suspeitas e na terça-feira também houve outros enterros na mesma situação. "Posso dizer que há mais de uma semana temos recebido enterros em situações que a morte é suspeita de Covid-19. Não são casos confirmados, entenda, mas possíveis pessoas que morreram com sintomas da doença. Praticamente todos os dias há enterros nessa situação, normalmente, mais de um", disse ele, que preferiu não se identificar. Um dos casos teria acontecido nesta sexta-feira, na UPA Zaíra.
Segundo o servidor, nestes casos o caixão é lacrado e a pessoa é enterrada sem velório. A norma, em outros casos, é caixão lacrado, mas velório de uma hora, com cinco pessoas por vez.
Questionada sobre a situação, a Prefeitura reiterou que não havia mortes confirmadas de Covid-19 em Mauá, sem informar números de mortes suspeitas, como tem sido praxe em outras cidades.
Há ainda um vídeo e um áudio que circulam pelas mídias sociais que confirmariam que a disseminação da doença estaria grande em Mauá. No vídeo, é possível ver um caminhão cheio de caixões no que seria o cemitério do Santa Lídia. As pessoas chegam a falar sobre o coronavírus. A Prefeitura, no entanto, diz que a última compra de caixões pelo cemitério aconteceu em novembro do ano passado, antes de os casos da doença tomarem os noticiários da TV.

Já o áudio seria de um servidor, que teria sido enviado ao sindicato dos Servidores de Mauá e afirma que mortes suspeitas já teriam sido registradas em outros meses, sem que os profissionais responsáveis pelos trâmites do corpo e do enterro recebessem EPIs para se proteger da situação, como macacões de proteção e máscaras. Uma dessas servidoras, inclusive, estaria afastada por ter contraído o Covid-19, um coordenadorteria morrido, mas no áudio, não há confirmação da causa.
Procurado, o Sindserv Mauá confirmou que recebeu a denúncia e que fez uma diligência nesta quinta para averiguar sobre a segurança dos servidores do Santa Lidia, que respondem à SSU (Secretaria de Serviços Urbanos). Não há informações sobre os desdobramentos da visita.


Confira a íntegra das notas solicitadas pela Prefeitura:
Até o momento desta nota (17h05), não constam óbitos nos registros oficiais do município. Lembramos que as normativas de decreto estadual estabelecem critérios e regras sanitárias, para todos os enterros, em que a causa morte não seja claramente definida, considerando qualquer morte, portadora potencial do vírus, dependendo de analises posteriores para sua confirmação ou descarte.

Sobre os caixões:
Informamos que a Prefeitura celebra contrato para fornecimento de urnas funerárias e que as entregas são feitas por lotes, tendo a última entrega sido realizada no início de Novembro de 2019. Não há nenhuma desconformidade ou compra excedente devido à pandemia de Coronavírus.