
Na manhã desta quarta-feira (04/06), a estação ferroviária de Mauá foi palco de um ato em memória de Gabriela Mariel, de 33 anos, vítima de feminicídio nesta semana, no Jardim Paranavai e que mobilizou a cidade. Organizado pelo Movimento de Mulheres Olga Benario, o protesto teve início às 5h e reuniu mais de 160 pessoas com velas e cartazes, exigindo justiça e denunciando a escalada da violência contra as mulheres. Gabi, como era conhecida, era militante ativa da causa, mãe solo, pessoa com deficiência e trabalhadora — e dedicou os últimos meses de sua vida à luta por políticas públicas de enfrentamento ao feminicídio.
A manifestação, marcada pela comoção, também contou com o apoio de entidades estudantis e movimentos sociais, como o DCE da UFABC, ARES-ABC, MLB e o partido Unidade Popular (UP), ao qual Gabriela era filiada. Durante o ato, foram distribuídos panfletos e feitas falas que reforçavam a importância de uma Delegacia da Mulher 24 horas em Mauá — uma pauta defendida pela própria Gabriela, que chegou a colher assinaturas para um abaixo-assinado com esse pedido.
Em nota, a Prefeitura de Mauá lamentou a morte e reforçou que, apesar de Gabriela não estar cadastrada nos serviços da rede municipal, o caso confirma a urgência de intensificar ainda mais o diálogo com a sociedade. Em junho, estão previstas dez Pré-Conferências nas regiões da cidade, com o objetivo de discutir e aprimorar as políticas públicas para mulheres.
“Apesar do trágico episódio, o município de Mauá tem dado passos significativos na implementação de políticas públicas voltadas à proteção das mulheres. Neste mês, a prefeitura lançou oficialmente o aplicativo do Botão do Pânico ANA, ferramenta digital integrada à Patrulha Maria da Penha, que permite o acionamento imediato da segurança pública por mulheres em situação de risco que possuem medidas protetivas. A medida é parte das ações do Sistema Único de Atenção à Mulher de Mauá (SUAMM), que organiza o atendimento e prevenção à violência por meio da Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres”, afirma a secretaria de Políticas Publicas para Mulher, Cida Maia.
A secretaria disse ainda que além do aplicativo, a cidade conta com o Centro Viva Maria, que acolhe mulheres com ou sem boletim de ocorrência. “Em 2025, entre janeiro e o início de junho, o centro recebeu 139 medidas protetivas e passou a acompanhar diretamente 88 mulheres. Destas, 10 já aderiram ao Botão do Pânico. Ao todo, 171 mulheres estão sendo acompanhadas com atendimentos jurídicos, psicológicos e sociais — algumas delas integradas a programas de auxílio-aluguel, qualificação profissional e geração de renda.”
Outro ponto de atuação da prefeitura tem sido o trabalho preventivo: até o momento, a equipe realizou ações informativas que dialogaram com cerca de 8 mil pessoas em comércios, órgãos públicos e vias da cidade. No bairro onde ocorreu o feminicídio de Gabriela, a secretaria intensificou suas ações após registrar 68 casos de violência em 2024, com campanhas educativas e visitas porta a porta. “O feminicídio de Gabriela Mariel escancarou uma ferida aberta na sociedade, mas também evidencia a importância da mobilização coletiva e do fortalecimento das políticas públicas. Em Mauá, o caminho ainda é longo, mas iniciativas como o Botão do Pânico, o acolhimento via Viva Maria e a atuação comunitária indicam que há uma estrutura sendo construída — inspirada, em parte, por mulheres como Gabriela, que lutaram até o fim por uma vida livre de violência”, diz Cida.