
Uma manifestação dos motoristas de ônibus da região paralisou parte da cidade de Santo André no fim da tarde desta quarta-feira (4/6), após a categoria rejeitar, em assembleia, as contrapropostas apresentadas pelas viações que operam no ABC Paulista.
O ato começou após a reunião realizada na sede do sindicato, na Vila Assunção, e seguiu por vias centrais da cidade, como a Avenida Perimetral. Por volta das 17h, os trabalhadores bloquearam o Terminal Santo André Oeste, em protesto contra o que consideram avanços insuficientes nas negociações salariais e de benefícios.
A mobilização é um reflexo do impasse nas tratativas entre trabalhadores e empregadores. As viações ofereceram 6% de reajuste salarial, 7% de aumento no vale-alimentação e na participação nos lucros e resultados (PLR). Propostas anteriores haviam incluído apenas um reajuste linear de 5,32%, referente ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), para todos os itens.
Porém, os motoristas e cobradores reivindicam o INPC de 5,32% somado a um aumento real de 8%, além de unificação salarial entre os condutores de ônibus grandes e micrões, valores mais altos para o vale-alimentação e equiparação da PLR para trabalhadores de veículos com e sem cobrador.
O sindicato da categoria, Sintetra, já notificou que as prefeituras e empresas envolvidas serão oficialmente informadas da decisão tomada nesta quarta. Uma nova paralisação geral não está descartada, mas pode ser evitada caso novas propostas sejam apresentadas até a próxima assembleia.
Atualmente, o sistema de transporte coletivo do ABC é operado por diferentes empresas e consórcios. A maior parte da frota está concentrada nas mãos do grupo que inclui a NEXT Mobilidade, BR7 Mobilidade e Diastur, reunindo cerca de mil veículos em operação intermunicipal, municipal, fretamento e escolar. No caso de Santo André, o transporte municipal é dividido entre o Consórcio União Santo André e a Suzantur, responsável pela região de Vila Luzita.
A complexidade do sistema, com diferentes modelos de operação e financiamento entre os municípios — como o caso de São Caetano do Sul, que adota tarifa zero — exige negociações individuais com cada cidade, o que pode dificultar a resolução rápida do conflito trabalhista.
O Sintetra publicou uma carta aberta à população alertando sobre os riscos de paralisação total, caso não haja avanços nas negociações. A mobilização desta quarta, portanto, pode ter sido apenas o prenúncio de uma greve mais ampla, caso não se atinja um acordo satisfatório para ambas as partes.