
Paula Cabrera
Mais da metade dos vereadores de Mauá planeja aproveitar a janela partidária para trocar de partido. Dos 23 vereadores, pelo menos treze (56%) tem conversado com outras legendas para concorrer às eleições deste ano. O número, no entanto, pode ser maior, já que alguns parlamentares preferem negar veementemente qualquer movimentação neste sentido.
As mudanças acontecem porque a partir de 2020 os partidos não poderão mais fazer coligações partidárias nas eleições para vereadores. As siglas poderão se juntar somente na eleição majoritária (prefeito), devendo concorrer isoladamente nas eleições proporcionais (vereadores). Os votos de todos candidatos e legendas da coligação eram somados conjuntamente. Assim, eram as coligações, e não os partidos individualmente, que conquistavam vagas no Legislativo. Isso acabava com as chances de um vereador com pouca votação assumir uma cadeira pelo coeficiente eleitoral da coligação, o chamado de "efeito Tiririca".
Pelo sistema divide-se o número de votos válidos registrados pela quantidade de vagas a serem preenchidas. Assim, as coligações com mais votos conseguiam as cadeiras. Agora, cada partido precisa alcançar esse número sozinho. A ideia é de dar chances iguais aos oponentes.
O registro de candidatos também muda. Em Mauá, cada partido deve trazer 35 candidatos e esses nomes devem conseguir alcançar boa votação para conseguir chegar ao quociente eleitoral. Dentro desse número, 30% devem ser mulheres, ou seja, cada partido deve trazer ao menos 11 candidatas. Com todas as mudanças, começou a dança das cadeiras em Mauá.
Para atingir os 35 nomes, muitos partidos precisaram rever seus coligados. Nos bastidores, a informação é de que puxadores de votos, que auxiliam a conquistar o número mínimo pedido pelo quociente eleitoral, não topam compor chapa com vereadores já na Câmara. Esse seria o caso do Avante, que dispensou nomes como Cachorrão e o vereador Ivan. Chiquinho do Zaíra permanece à frente da legenda e negocia novos nomes para compor a chapa. O oposicionista Cachorrão deve migrar para o Podemos ou PSD, nos próximos dias. Já Ivan deve ser aceito pelo SD, mas ainda não confirmou nada.
Outros que perderam a legenda foram Cincinato Freire e Fernando Rubinelli, ambos no PDT. O partido confirmou na última semana que trará uma chapa composta por novos nomes e não dará apoio a reeleição dos vereadores eleitos. Fernando Rubinelli já havia confirmado que mudaria para o PTB, partido comandado pelo seu pai, no próximo mês.
A questão financeira também pesa. A partir dessas eleições a maneira como o fundo partidário vai repartir o valor também muda. Partidos com mais cadeiras no Congresso receberão uma bolada maior do que os outros. Com o fim das coligações, a situação pesa para os partidos menores e para os vereadores nos chamados nanicos.
O DC foi um dos que perdeu força em Mauá. Professor Betinho e Sinvaldo Carteiro estão de malas prontas para o PSL, onde Betinho tem carta branca para compor a chapa de vereadores.
Nessa esteira, o PSDB tem tudo para ser um dos partidos com menos evasão. No entanto, o vereador Pastor José confirmou que deve mudar para outra sigla em março. A decisão teria peso nos fiéis do pastor e na escolha da igreja. Jotão diz que não possui qualquer razão para mudar de partido.
Irmão Ozelito também foi um que decidiu ouvir a massa de fiéis e trocar de legenda. Ele sai do SD e vai para o PSC, de olho na possibilidade de concorrer à Prefeitura. No mesmo barco, Ricardinho da Enfermagem sai do PTB e namora por enquanto PV e o PSB, também atento na possibilidade de disputar a cadeira de prefeito. Ele nega.
Tchacabum (PRP) e Severino (Pros), os campeões de votos na última eleição, são os que tem mais portas abertas para confirmar a troca. Severino tem convites do PSB e PV, mas está bem adiantado com o PSB. Já Tchaca tem convites do MDB, PSD e Podemos. A decisão será tomada na semana pós carnaval. Por fim, Chico do Judô troca o Patriotas por decisão de não apoiar a reeleição de Atila Jacomussi (PSB), o que também tem pesado para vereadores com Samuel Enfermeiro (PSB), que divide a mesma legenda do prefeito. A maneira como a população verá a proximidade ainda gera dúvidas aos parlamentares. Melão confirmou que segue no Cidadania. Já Bodinho deve deixar o Patriotas para concorrer pelo PL, presidido por Betinho Dragões, que decidiu não concorrer neste ano. Ele nega a mudança.
Fecham a lista com calma e traquilidade os vereadores Manoel Lopes (DEM), Chiquinho do Zaíra (AVANTE), Vanderlei Cavalcante (SD) e Marcelo Oliveira (PT). Com partidos estruturados, Oliveira e Neycar Não devem concorrer à reeleição, também de olho no Paço Municipal. Já Manoel e Chico são dirigentes de suas siglas e trabalham para montar suas chapas.