Secretaria de Estado da Saúde reuniu profissionais municipais e estaduais para discussão do caso; doença é causa provável do óbito

Da Redação

A adolescente moradora de São Bernardo que faleceu  após  receber a dose do imunizante pfizer tinha uma doença  autoimune que teria sido a causa de sua morte. A informação foi divulgada na noite desta sexta-feira (17/9) pela Secretaria de Estado da Saúde. Isabelli Borges Valentim tinha 16 anos e morreu sete dias depois de ser imunizada. "As análises técnicas indicam que não é a vacina a causa provável do óbito e sim à doença identificada com base no quadro clínico e em exames complementares, denominada 'Púrpura Trombótica Trombocitopênica' (PTT)", afirma nota da secretaria do Estado de Saúde.
A PTT é uma doença autoimune, rara e grave, normalmente sem uma causa conhecida capaz de desencadeá-la, e não há como atribuir relação causal entre PTT e a vacina contra COVID-19 de RNA mensageiro, como é o caso da Pfizer.
"A análise foi feita de forma conjunta por 70 profissionais reunidos pela Coordenadoria de Controle de Doenças e do Centro de Vigilância Epidemiológica.
Participaram especialistas em Hematologia, Cardiologia, infectologia e outros atuantes nos CRIEs (Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais) do Estado. Também contribuíram representantes dos municípios de São Bernardo do Campo, Santo André e São Paulo, além dos CIEVS (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde) estadual", afirma a nota
“As vacinas em uso no país são seguras, mas eventos adversos pós-vacinação podem acontecer. Na maioria das vezes, são coincidentes, sem relação causal com a vacinação. Quando acontecem, precisam ser cuidadosamente avaliados”, explica o infectologista do CVE, Eder Gatti, que coordenou esta investigação e que atua também no Instituto Emílio Ribas.  
“Os eventos adversos graves, principalmente aqueles que evoluem ao óbito, são discutidos com uma comissão de especialistas para se ter uma decisão mais precisa sobre a relação coma a vacina. Quando um caso vem à tona sem que este trabalho esteja finalizado, cresce o risco de desorientação, temor, de rejeição a uma vacina sem qualquer fundamento, prejudicando esta importante estratégia de saúde pública que é a campanha de vacinação”, finaliza.
Pessoas com histórico de doenças autoimunes, ou seja, causadas por autoanticorpos, podem receber as vacinas contra COVID-19 disponíveis no país, e devem consultar o médico em caso de dúvida. A rede de saúde está orientada quanto à conduta de imunização de todos os públicos por meio de Documento Técnico do Centro de Vigilância Epidemiológica.
Os resultados da análise serão submetidos à Anvisa. A adolescente foi imunizada sete dias antes com a vacina da Pfizer, a única que tem autorização da Anvisa para jovens de 12 a 17 anos.
De acordo com relato da mãe de Isabelli, Cristina Borges, 42 anos, o atestado de óbito mostra que a jovem morreu de três possíveis causas: choque cardiogênico, infarto agudo do miocárdio (ataque cardíaco) e anemia severa.
la foi vacinada em 25 de agosto e no dia seguinte apresentou reações como tontura ao andar, dor de cabeça, falta de ar e sonolência. No domingo, dia 29, a mãe levou a jovem ao Hospital Coração de Jesus, em Santo André, após queixa de formigamento no corpo. “O médico que a atendeu disse que estes sintomas poderiam ser psicológicos devido a vacina e que ela teria alta. Antes de sair do hospital, a Isabelli desmaiou”, disse a mãe.
Foi feita a transferência da jovem para o Hospital Vida’s, em São Paulo, onde foi constatado que Isabelli estava com 30% de oxigenação e níveis extremamente baixos de hemácias e hemoglobina, sendo recomendada a transfusão de oito bolsas de sangue. Após convulsão, ela foi levada a UTI (Unidade de Terapia Intensiva), mas não resistiu e morreu dia 2 de setembro.