Ex-prefeito afirma que mídias sociais e tecnologia são fundamentais hoje para se aproximar dos eleitores
Paula Cabrera
Com quase 25 anos de vida pública, o ex-prefeito de Mauá, Donisete Braga (PROS) ensaia a possibilidade de voltar a concorrer ao Paço nas eleições de 2020, mas fala sobre a situação com a cautela de quem já viu o pior lado das disputas eleitorais. "O poder pode ser muito solitário e eu vivi o lado de perder as eleições e ver muita gente mudar de lado", afirma ele.
Nesta semana o nome do ex-prefeito foi destaque nas notícias porque o PDT confirmou um longo namoro para trazer Donisete como candidato à Prefeitura de Mauá. Apesar de ter perdido as eleições para o atual prefeito Atila Jacomussi (PSB), Donisete pontua que muitos dos projetos entregues pelo atual prefeito foram conquistas de sua administração. "Reformamos 16 UBSs e conquistamos verbas para a reforma do PS (Pronto Socorro do Nardini), deixamos o atual FIEC (Fábrica Integra de Educação e Cultura) no Parque das Américas, com previsão de inauguração em julho de 2017, as creches do Parque das Américas, do Campo Limpo e do Araguaia, além de projetos de moradia popular, como o condomínio Altos de Mauá, no Jardim Feital, que fizemos tudo, mas uma questão burocrática atrasou alvarás e foi entregue pela atual gestão. Governamos pensando na população em um governo sério e preocupado com o equilíbrio econômico financeiro de Mauá", afirmou ele.
Conhecido nos bastidores por sua boa relação com diferentes partidos, Donisete conhece bem a importância de manter um bom diálogo com lideranças, partidos e principalmente com a população. "Durante o mandato de prefeito, sempre que podia pegava o transporte público bem cedinho, para ver como estava e conversar com esse pai de família que depende disso diariamente", diz ele, que aponta que seu governo foi fundamental para tirar o contrato dos ônibus municipais do regime de urgência. Foi no governo de Donisete que aconteceu a licitação pública para o transporte público de Mauá. "Se hoje a frota e Mauá é uma das mais novas do país aconteceu porque eu tive a coragem de elaborar um edital e fazer a concorrência pública. Mesmo assim fui atacado. Tenho a consciência tranquila de ter feito o melhor pela população", afirma.
Com visão como poucos prefeitos ainda tinham sobre as PPP (Parceria Público Privada), Donisete saiu na frente na região do ABC ao entregar a iluminação pública e votar a permissão para a entrega do serviço de água em Mauá. "Faço políticas públicas com responsabilidade. Para muitos, a canalização do esgoto, feita por baixo do asfalto, não garante voto, mas eu sei que é uma questão de saúde pública. Por isso entregamos a estação de tratamento de esgoto em Mauá e confirmamos a PPP da iluminação pública e da água. Também entregamos algumas aéreas públicas ao capital privado em troca de contrapartidas, como o Ceu das Artes do Parque das Américas (hoje FIEC) e o Parque da Juventude, no Paço", conta.
Vereador por dois mandatos e deputado por três, Donisete foi responsável no Grande ABC por aproximar Estado e governo Federal da região e conquistar projetos como a lei que proibiu a cobrança de diploma nas universidades e permitiu a expansão do Pólo Petroquímico e do Sertãozinho na região. "O governador Geraldo Alckmin me chamou no Palácio no dia que assinou a lei. Foi uma grande alegria porque havia a possibilidade de as empresas deixarem a região", afirma.
Grande articulador, ele vê a última eleição à deputado federal, onde teve 14 mil votos, como uma lição a ser aprendida."As mídias sociais mudaram a maneira de fazer política. É preciso se renovar, mas a repartição do fundo eleitoral e partidário também conta muito nos dias de hoje. Não adianta mais fazer bandeiraço, por exemplo."
Casado e pai de dois filhos, o ex-prefeito mostra-se ainda emocionado ao abordar a morte da mãe, a enfermeira dona Benicia, que faleceu em outubro deste ano. "As eleições de 2012 e 2016 foram de muitos ataques pessoais. Foi muito pesado, mas minha família sempre foi muito presente e minha mãe, principalmente."
Ele relembra que na infância chegou a morar quatro anos na casa da Paróquia São Paulo Apóstolo, no Zaíra, onde a mãe participava de grupos da igreja. Ele chegou a Mauá com a mãe, o pai e os três irmãos em 1976. Em Mauá viu a família crescer, quando ganhou mais irmão. "Minha mãe, até o fim da vida, sempre atendia vizinhos que pediam que ela aplicasse injeções ou precisavam de algum cuidado de saúde. Por isso sei que a saúde é uma das principais preocupações dos moradores. Fazia o que podia para manter técnicos na Pasta, até para não tomar puxão de orelha", brinca ele, que foi responsável por fechar parceria com o programa Mais Médicos e trazer 39 profissionais para a cidade.
Já no fim da entrevista, Donisete pede para ser fotografado diante do colégio Monsenhor, que fica próximo ao seu escritório político e onde fez curso técnico de contabilidade na adolescência. Ele não deixa passar a preocupação com a formação profissional dos jovens da cidade. "No meu governo definimos a parceria com a Uninove, para a faculdade de Medicina e tínhamos um cursinho preparatório em parceria com a iniciativa privada para ajudar estudantes do ensino público a serem aprovados no vestibular."
Para concluir a conversa, ele afirma que só deve definir se virá candidato à Prefeitura de Mauá no ano que vem, mas deverá se reinventar nesse período. "Hoje é necessário investir em inovação e tecnologia. Aproximar esse mandato do povo. Estar ativo nas mídias sociais, mas dar ferramentas para que o municípe possa se sentir ouvido, acompanhar sua demanda, online. Iremos neste caminho", conclui.
