A partir de 1º de janeiro de 2025, o Brasil passou a adotar oficialmente a 11ª versão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), elaborada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e publicada em 2021. Essa atualização, cuja tradução para o português foi concluída em 2024, representa um marco no diagnóstico e no tratamento de diversas condições de saúde, com destaque para o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Uma abordagem mais inclusiva para o TEA

Na CID-10, o autismo era classificado como um “Transtorno Global do Desenvolvimento” e subdividido em categorias como “Autismo Infantil” e “Síndrome de Asperger”. Essa fragmentação muitas vezes gerava confusão, dificultando a compreensão da diversidade de manifestações do espectro autista.

Com a chegada da CID-11, o TEA passa a ser contemplado de forma unificada sob o código 6A02 – Transtorno do Espectro Autista. Essa nova abordagem considera o espectro em toda sua amplitude, abandonando as divisões anteriores. Além disso, inclui descritores específicos que avaliam os impactos funcionais nas áreas de comunicação, cognição e comportamento. Essa estrutura detalhada permite diagnósticos mais precisos e planos de intervenção adaptados às necessidades individuais de cada pessoa.

Impactos na prática clínica e no acesso a tratamentos

A unificação do diagnóstico não apenas simplifica o trabalho dos profissionais de saúde, mas também facilita o acesso das pessoas com TEA a serviços especializados. Os critérios mais claros e detalhados do CID-11 ajudam a identificar o nível de suporte necessário para cada caso, promovendo abordagens personalizadas que consideram a singularidade de cada indivíduo dentro do espectro.

Essa modernização também contribui para o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes, reforçando o direito à inclusão e ao acesso a serviços de saúde e educação adaptados.

Desafios e adaptação no Brasil

A transição para a CID-11 no Brasil trouxe desafios que exigem preparação e comprometimento. Desde a conclusão da tradução em 2024, o sistema de saúde brasileiro tem investido na capacitação de profissionais e na atualização de sistemas para garantir a aplicação correta das novas diretrizes.

Embora os diagnósticos realizados com base na CID-10 permaneçam válidos, novos laudos e relatórios devem seguir os critérios estabelecidos na CID-11.

A adoção da CID-11 no Brasil representa um importante passo rumo a uma abordagem mais moderna, inclusiva e globalmente padronizada. Para as famílias e indivíduos com TEA, a mudança significa não apenas diagnósticos mais precisos, mas também maior acesso a tratamentos adequados e ao suporte necessário para enfrentar os desafios cotidianos.

Ao consolidar uma visão mais abrangente e detalhada do espectro autista, a CID-11 fortalece a inclusão e os direitos das pessoas com TEA, reforçando o compromisso com uma sociedade mais justa e igualitária.