Ex-prefeito precisava de 16 votos, mas teve apenas cinco

Paula Cabrera

O ex-prefeito Atila Jacomussi (SD) ganhou um presente de grego da Câmara Municipal para comemorar seu aniversário de 48 anos: o político viu seu antigo prestígio e apoio minguarem na votação das contas de seu primeiro ano de mandato (2017). Dos 23 vereadores, apenas cinco apoiaram o antigo mandatário: seu pai e principal articulador, Admir Jacomussi, Renan Pessoa, que trabalhou em sua gestão e cresceu politicamente sob seu auxílio, Chiquinho do Zaíra, que conquistou o posto de grande apoio de Atila após seu impeachment, Ricardinho da Enfermagem (PSB), grande aliado também em sua segunda fase de mandato e Mazinho, que esteve em sua coligação na eleição. Samuel Enfermeiro (PSB) justificou a falta para acompanhar o nascimento do filho e Wiverson Santana e Madeira preferiram não escolher lado. O restante dos vereadores votou para apoiar o parecer do TCE (Tribunal de Contas do Estado).
Atila precisava de 16 votos para reverter a situação. Com o resultado, há grandes chances de o ex-prefeito se tornar inelegível, principalmente porque um dos apontamentos feitos pelo tribunal foi de que a administração dele gastou menos do que os 25% do orçamento na educação. Ele pode recorrer à Justiça, mas em decisões judiciais, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) costuma entender que há dolo (culpa) quando o governo assume a decisão de gastar menos do que o previsto na Pasta.
Segundo informações, Atila teria ido à Câmara na manhã desta terça (10/8), mas nos bastidores o clima de descontentamento entre a antiga base aliada era grande. Muitos parlamentares afirmaram que Atila não teria feito qualquer aproximação ou tentativa de reverter o placar, demonstrando assim uma postura "soberba" em relação ao Legislativo. "Ele acha que pode reverter tudo na Justiça, como fez em outras ocasiões. Então que tente", afirmou um vereador ao JNC, a postura se repetiu em diferentes conversas.
Atila, aliás, demonstrou nas mídias sociais seu descaso em relação à votação na Casa de Leis. Além de não aparecer, nem mandar advogados para fazerem a utilização dos 30 minutos da tribuna em defesa oral, ele postou nas mídias sociais um texto sobre o peso da pandemia no orçamento das famílias bem no horário da sessão. Com isso, Atila parece enfraquecer ainda mais seu time de aliados para uma possível candidatura no ano que vem. Além de tentar disputar a vaga para concorrer à Assembleia Legislativa com o antigo aliado Vanderlei Cavalcante, o Neycar (SD), dentro das fileiras do Solidariedade, parece cada vez mais distante a possibilidade de vereadores eleitos com seu apoio puxarem ajuda no ano que vem. Sem a máquina na mão, também ficou provado que o apoio fora da Câmara minguou. A votação foi morna, sem qualquer participação popular nos arredores da Câmara. Bem diferente do clima de final de campeonato como aconteceu no impeachment.
Pela Lei da Ficha Limpa, político condenado por órgão colegiado pode ser enquadrado na legislação e ficar inelegível por oito anos.
O TCE rejeitou as contas de 2017 de Atila indicando que houve “expressivo déficit orçamentário”, na ordem de 32%, “demonstrando que o orçamento foi superestimado”. O orçamento desenhado pela Prefeitura de Mauá para o ano de 2017 – formulado no ano anterior, na gestão de Donisete Braga (ex-PT) – estimou arrecadação na ordem de R$ 1,3 bilhão, enquanto que a receita do município naquele exercício sequer ultrapassou o R$ 1 bilhão: chegou a R$ 900,1 milhões. Os conselheiros do TCE ressaltaram, porém, que Atila não adotou mecanismos para mitigar o cenário negativo.

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