Vereadores afirmam que abertura de inquérito seria um crime contra a cidade e exaltaram vacinação no município

Paula Cabrera

O prefeito de Mauá,  Marcelo Oliveira (PT), confirmou o apoio do Legislativo e enterrou o pedido de
abertura de impeachment, feito pelo vereador Sargento Simões (Podemos) na Câmara por conta de suposto crime de responsabilidade por 21 votos, houve uma abstenção. O parlamentar , que protocolou a proposta na última sexta-feira (10/9), não conseguiu o mínimo de assinaturas necessárias para dar andamento à solicitação e levou uma enxurrada de críticas dos outros vereadores, que condenaram a solicitação e falaram que o pedido era um desrespeito com a cidade.
A denúncia que deu início ao pedido de impeachment foi protocolada por Matheus Prado no Ministério Público Federal e Defensoria Pública Federal deu prazo de cinco dias para que a administração responda aos questionamentos. Prado alega que a vacinação em Mauá não estaria sendo distribuída de maneira igualitária e que 70 mil pessoas, que morarariam nos bairros mais pobres, não teriam tido acesso à vacinação.
Na sessão dessa terça, o clima era tranquilo para o prefeito. Vereadores teriam tomado café com o prefeito na última segunda-feira (13/9) e afastado de vez o clima de animosidade entre os poderes. O novo chefe de gabinete, Helcio Silva, também trabalhou nos bastidores costurando alianças e colocando ponto final em diferenças entre parlamentares e o governo. O trio de confiança do governo, aliás, estava em peso na Câmara nesta terça-feira: Rômulo Fernandes, Leandro Dias e Helcio Silva.
Durante os discursos, mesmo parlamentares que não costumam fazer uso da palavra, cravaram seu posicionamento. Jotão (SD), por exemplo, deixou claro seu descontentamento em votar a proposta ao afirmar que Simões trabalharia mais pela cidade se visitasse bailes funks.
Já Leonardo Alves (PSDB) disse que diante do momento complicado na política nacional, com ameaça aos poderes, dar andamento a um pedido que não teria base legal, seria mais uma mostra de fragilidade da política como um todo. "Temos tantas coisas para discutir pelo bem da nossa cidade e realmente esse pedido de impeachment não entra como um deles", afirmou.
Mesmo Admir Jacomussi (Patriotas), pai do ex-prefeito Atila Jacomussi (SD), preferiu se abster do voto. Jacó, assim como outros parlamentares, deixou claro que não via motivo para votar um possível impeachment.
Samuel Enfermeiro (PSB) e Ricardinho da Enfermagem (PSB), também falaram sobre como a vacinação em Mauá e mesmo os serviços de saúde, mostram que há uma melhora nos números da pandemia, espelhados, principalmente, na vacinação em massa. Atualmente, Mauá tem cerca de três a quatro leitos ocupados por pacientes com Covid-19. "Somos profissionais da saúde, vereadores nós estamos. Votaríamos contra todos os profissionais da linha de frente da Saúde (apoiando o pedido)", disse Samuel.
Como entrou com o pedido de impeachment, o vereador Sargento Simões pediu afastamento da função e deu posse para Márcio Bertucci (Podemos), seu suplente, também votou pelo arquivamento. A proposta teve 21 votos pelo arquivamento e uma abstenção, de Jacó.
Mauá já aplicou 476.832 vacinas contra a Covid, 317.444 pessoas receberam a primeira dose, 146.204 a segunda dose e 12.870 tiveram acesso a doses únicas, além de 314 terceiras doses. A cobertura vacinal dos maiores de 18 anos passou dos 90%. A cidade foi uma das poucas a não paralisar a campanha de vacinação, iniciada em janeiro de 2021.